sexta-feira, 24 de julho de 2020

A política como escolhas e circunstânciasVI

VI

Saindo da EPISTEMOLOGIA SEM CAIR NA ONTOLOGIA

 

            Até aqui, OCUPEI ESSE ESPAÇO GRÁFICO, o texto, e tentei desfazer nossos consensos em Humanas. Ora, eu também mostrei uma coisa: eu levei a sério uma pessoa de AGRÁRIAS, sem opor suas escolhas e opiniões a uma REALIDADE CORRETA.

       Na antropologia esse papo se chama “respeitar a ONTOLOGIA” do outro. Porém, isso normalmente só é levado a série quando nos identificamos MORALMENTE com nossos NATIVOS. Neste caso, normalmente o NATIVO SUBALTERNO (afinal, escolhemos denunciar a desigualdade social e opressões “endêmicas”).

            Seguindo aqui os passos de antropólogos contemporâneos (Latour e Ingold), levei a sério o papel diplomático e tolerante desta disciplina. Porém, essa ESCOLHA não foi POLITICAMENTE INCORRETA?

            Um NÃO estridente! LEVAR A SÉRIO NÃO É CONCORDAR! LEVAR A SÉRIO É ENTENDER O SENTIDO QUE O OUTRO NOS CONTA em seus próprios termos.

            Se um índio da etnia Pankararú fala que ZIKA está no VENTO, eu entendo o sentido que ele dá a realidade e como ele a vive – papel da antropologia é aprender isso. Outra coisa muito diferente é concordar, porque essa não é a questão (mesmo assim se “vc” quiser, vc pode, é seu direito, não sua obrigação).

            Quando a professora de Agrárias falou, eu também não concordei. Isso não me impediu de continuar observando e entendendo a REALIDADE que o pessoal dá área construía em SALA DE AULA. Além disso, muita gente pensava diferente da professora (ver Latour novamente –  conceito de “recalcitrância”).

            Por fim, é isso: o todo é sempre menor que as partes, mas as partes são sempre "menores" do que a realidade. Com uso do pragmatismo você coloca a realidade em primeiro lugar, em segundo os conceitos que vão surgir dela como figurações (transcendentais – homem/mulher, capitalismo, humano, não humano, branco/preto etc. etc.). Ou seja: cada organismo é muito mais complexo do que as essências conceituais que tentamos usar como etiquetas (ver Ludwig Fleck que dizia que a “doença” era construída pela “medicina” – teoria filosófica da medicina). Mas isso é coisa para dentro das discussões em Sociais. Na prática, o papo é “ÉTICA”, “MOBILIDADE SOCIAL” E ESSENCIALISMO ESTRATÉGICO (Spivak). Só não me venha falar que o critério é saber ou não saber usar o conhecimento acadêmico (epistemologia) ou entender as experiências (“ontologias” – na verdade, fenomenologia) – isso gera o AUTORIDADE DA FALA, não “LUGAR DE FALA” (ver post do THIAGO PINHO “6 erros no uso do LUGAR DE FALA”).


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