VI
Saindo da
EPISTEMOLOGIA SEM CAIR NA ONTOLOGIA
Até
aqui, OCUPEI ESSE ESPAÇO GRÁFICO, o texto, e tentei desfazer nossos consensos
em Humanas. Ora, eu também mostrei uma coisa: eu levei a sério uma pessoa de
AGRÁRIAS, sem opor suas escolhas e opiniões a uma REALIDADE CORRETA.
Na
antropologia esse papo se chama “respeitar a ONTOLOGIA” do outro. Porém, isso
normalmente só é levado a série quando nos identificamos MORALMENTE com nossos
NATIVOS. Neste caso, normalmente o NATIVO SUBALTERNO (afinal, escolhemos denunciar
a desigualdade social e opressões “endêmicas”).
Seguindo
aqui os passos de antropólogos contemporâneos (Latour e Ingold), levei a sério
o papel diplomático e tolerante desta disciplina. Porém, essa ESCOLHA não foi
POLITICAMENTE INCORRETA?
Um
NÃO estridente! LEVAR A SÉRIO NÃO É CONCORDAR! LEVAR A SÉRIO É ENTENDER O
SENTIDO QUE O OUTRO NOS CONTA em seus próprios termos.
Se
um índio da etnia Pankararú fala que ZIKA está no VENTO, eu entendo o sentido que
ele dá a realidade e como ele a vive – papel da antropologia é aprender isso.
Outra coisa muito diferente é concordar, porque essa não é a questão (mesmo
assim se “vc” quiser, vc pode, é seu direito, não sua obrigação).
Quando
a professora de Agrárias falou, eu também não concordei. Isso não me impediu de
continuar observando e entendendo a REALIDADE que o pessoal dá área construía
em SALA DE AULA. Além disso, muita gente pensava diferente da professora (ver
Latour novamente – conceito de “recalcitrância”).
Por
fim, é isso: o todo é sempre menor que as partes, mas as partes são sempre "menores" do que a realidade. Com uso do
pragmatismo você coloca a realidade em primeiro lugar, em segundo os conceitos
que vão surgir dela como figurações (transcendentais – homem/mulher,
capitalismo, humano, não humano, branco/preto etc. etc.). Ou seja: cada
organismo é muito mais complexo do que as essências conceituais que tentamos
usar como etiquetas (ver Ludwig Fleck que dizia que a “doença” era construída pela “medicina”
– teoria filosófica da medicina). Mas isso é coisa para dentro das discussões
em Sociais. Na prática, o papo é “ÉTICA”, “MOBILIDADE SOCIAL” E ESSENCIALISMO
ESTRATÉGICO (Spivak). Só não me venha falar que o critério é saber ou não saber
usar o conhecimento acadêmico (epistemologia) ou entender as experiências (“ontologias”
– na verdade, fenomenologia) – isso gera o AUTORIDADE DA FALA, não “LUGAR DE
FALA” (ver post do THIAGO PINHO “6 erros no uso do LUGAR DE FALA”).
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