terça-feira, 16 de novembro de 2021

Agência de papel: experiências de mestrado para o doutorado

 

GB, 2021. Arquivo de mestrado.
Nos anos de mestrado, era incrível como a rotina funcionava. Um ano “brincando” de etnografia em um bairro do Recife, capital. Estágio docência pela primeira vez, mesmo não sendo obrigatório. A empolgação de fazer uma pesquisa inspirada no principal autor por trás de seu marco teórico.

Era incrível a prática experimental, autônoma, de redigir cada capítulo de sua dissertação, mesmo quando vacilava ou hesitava na escrita.

Por que hoje, com a escrita da tese, as coisas parecem ser tão diferentes? Parece, suponho, que não se trata de dificuldades relativas ao que na sociologia remeteria a um “sistema/estrutura/construção_social”, encabeçada por “nós/eles” ficcional, cuja “culpa” nos prejudicaria (imersos em nossa fragilidade).

Não. Penso que, e avançando para antropologia, que um dos elementos do contraste analítico entre escrita da dissertação e da tese, é, inusitadamente, relativo aos tipos de recursos analíticos ou ferramentas para análise de dados. De fato, o caderno de papel, capa colorida; as pastas transparentes; os clips de metal organizando a papelada por fontes de dados.

Segundo. Penso também que os “affordances” dos ambientes digitais, combinados com a digitalização dos cadernos, bem como, como sugeri, a diluição do caderno de campo em um caderno “fractal”, como um meta-caderno ou caderno em rede, diluído em plataformas... sem dúvida, isso tudo não ajuda a organizar a “entropia”.

Nietzsche dizia (dizem), que se você olhar demais para o abismo, ele pode olhar de volta... Pois é: a pandemia, o campo, os affordances digitais. É como sair do mestrado e, no doutorado, olhar para o abismo por tempo demais...

 

Duas religiões econômicas no comércio

 - Terminei. Vamos? - Diz minha pequena. - Posso ir ao banheiro? - Diz minha segunda pequena. Alguns minutos depois, caminhamos sobre o asfa...