Blog pessoal, voltado para estudantes de ciências sociais. A proposta é trocar produção de conhecimento entre diferentes graus de Educação. Também serve como espaço para meu hobby: escrever.
domingo, 28 de junho de 2020
sexta-feira, 26 de junho de 2020
Como a mídia monta tua opinião?
Reproduzido da Internet. Fonte abaixo. |
O
que mais me chamou à atenção foi, no entanto, que a pesquisa pergunte a “opinião”
das pessoas sobre o que elas não sabem. Por que fazer uma pesquisa sobre a
opinião das pessoas? Depois a mídia divulga a “opinião” da “maioria dos
brasileiros” (2116 pessoas).
Você,
finalmente, pode dar sua opinião também, mas para pessoas próximas e para
contatos em redes sociais. Esse é o segundo movimento que conecta o que você
assistiu na globo com as redes sociais. Isso gera o efeito de realidade dos
números do Datafolha: você vai ter a sensação que encontrou “a maioria” dos
brasileiros e brasileiras. Basta que alguém dê sua opinião sobre Queiroz.
Mas
como a mídia faz isso? Qual o problema, na verdade? É simples: a mídia está
trabalhando com o “poder” das opiniões. Ao usar “estatística” (Datafolha), ela
junta o dado com o que embasa a opinião “da maioria”. Ao fazer isso, no
entanto, perdemos de vista outras possibilidades e caímos na “guerra de
opiniões”. E sabe qual a consequência disso: continuidade dos mesmos posicionamentos
políticos: “você tem sua opinião e eu tenho a minha”.
O
papel da mídia, então, de controlar a ordem política, vai modelando o que
importa das opiniões. O engano é achar que ela “controla” as pessoas. A mídia
está modelando a opinião ao visibilizar "o que é importante de ser discutido". Mas
o posicionamento sobre isso é individual (“você tem sua opinião e eu tenho a
minha”). Nada novo pode brotar disso aí, bença. Tenha-se ou não consciência
disso.
quinta-feira, 25 de junho de 2020
The SINNER (3ª temporada): Nietzsche e Hitler
Reprodução de internet. Link abaixo |
Bom,
The Sinner 3 é bem isso. De um ponto de vista da própria série, acho que faz
uma coisa legal: nos coloca o detetive como protagonista: sempre foi a história
dele contada, mas a gente pode achar que é sempre de outra pessoa (talvez
fosse, aliás).
Na
terceira, uma frase ajuda muito, porque vem de Nietzsche: “se você olhar demais
para o abismo, ele pode olhar de volta”. Na mesma cena, cê saberá outra coisa: “Isso
pode cair num elitismo. Hitler citava Nietzsche para os soldados
nazi-racistas alemães.
Ou
seja: Hitler era leitor de Nietzsche. Porém, não se enganem: Nietzsche não era
antijudeus (antisemitismo). Hitler o era. Ele leu Nietzsche e usou assim. Leiam
“Quando Nietzsche chorou”. Eu diria mais algo sobre The Sinner, mas façam a
leitura. Se eu disser, vai estragar a conclusão.
Por
fim, o que quero dizer: Nietzsche morreu achando q era Cristo. Assustado.
Hitler lia Nietzsche e usava na guerra. Raiva e ódio pra esconder sua raiva dos
Judeus e dos não arianos (pretos, ciganos, gays – o antissemitismo era um
guardachuva). Schopenahauer morreu feliz quando começou a ser famoso.
Enfim:
entenda uma coisa: leia O pequeno príncipe, Nietzsche ou Schopenhauer. Vc quer
dar sentido a sua dor, feito Hitler. Tem um filme com um título bem legal: “Entre
meninos e lobos”. É isso que the Sinner 3 mostra. E vale para nossa vida. Nunca
se iluda com ideias que você lê: elas só dão sentido pra sua experiência.
Morrerás melhor de outras formas.
Fonte da imagem: https://img.youtube.com/vi/fOc2Ex1QEZI/hqdefault.jpg
domingo, 21 de junho de 2020
Já quebrasse o isolamento “social”? Mas que diabos significa “social”?
Reprodução do EL PAÍS. Link abaixo. |
Qual a doença é mais social: Covid-19 ou o vírus Zika?
- Ver post anterior: (https://form-acaoblog.blogspot.com/2020/06/qual-doenca-mais-social-zika-ou-covid-19.html)
Vou
ter que definir o social “a pedido”, digamos assim, de leitores/as acadêmicos. Um
sociólogo e uma socióloga problematizaram e deram sugestões sobre o assunto. Daí
eu tá escrevendo esse post. Pra você, contudo, que NÃO É de Ciências Sociais,
será que essa questão desperta teu interesse? Bom, espero que sim.
Os sentidos diferentes do Social na Sociologia
“Que
nem” na medicina, que precisa definir algum sentido para a palavra Saúde, ou na
economia que precisa também explicar o que é “economia”, ou também na psicologia,
a sociologia precisou, no seu início, definir o que era Social e o que não era
Social. Como qualquer uma das áreas mencionadas (medicina, economia, psicologia
etc.), na Sociologia você estudaria, basicamente, as interações humanas,
coletivamente, seja estudando o que as pessoas fazem (práticas e hábitos); seja pesquisando o que elas dizem sobre o que fazem (representações sociais). O método científico social, então, traz as regras pra que esse
campo de pesquisa possa produzir dados (provas e evidências) válidos e confiáveis
para que se alcancem resultados que expliquem “acontecimentos sociais”.
A
“bronca” é que não existe apenas uma maneira de se fazer o que eu disse sobre os
“acontecimentos sociais” na Teoria Social, pois existem várias formas de entender o
Social. Quando você vai fazer uma pesquisa, você tem que “escolher” qual o
Social parece dar conta do “perfil” da sua pesquisa. No mestrado, eu escolhi a
teoria social conhecida como teoria ator-rede. Então o “social” tinha o sentido
de “associações”. Seu criador principal foi o filósofo e antropólogo francês
Bruno Latour (tá vivo ainda).
O social da Teoria Social
Associativa
Nessa
sociologia “associativa”, nós estudamos como as coisas vão se “conectando” e “mudando”
(assim “entendemos” como a “sociedade” vai mudando algumas coisas e mantendo
outras). Tipo: no caso de Zika, que estudei, eu assistia pessoas num laboratório
da Fiocruz de Recife-PE. Aí eu, basicamente, queria entender como era o antes,
o durante e o depois de uma descoberta científica (como a ciência muda a
sociedade?). Neste caso, eu pesquisava pessoas de jaleco que, por sua vez, examinavam
mosquitos vetores do vírus Zika. No entanto, se eu fosse utilizar o sentido de
social da teoria social mais clássica, do sociólogo francês já falecido, Émile Durkheim, eu não olharia para as
conexões (tenho um capítulo em um livro publicado em que explico essa
diferença: https://onedrive.live.com/?authkey=%21AEM3ULMJHCnP%5FoE&cid=B0566265C9AAC3F8&id=B0566265C9AAC3F8%2117272&parId=B0566265C9AAC3F8%21453&o=OneUp).
O uso “social” e a “utilidade
das Ciências “do” Social
Vamos a um exemplo
para entender melhor o uso do social como associação: falo eutrofização e Zika
no post anterior, mas também falo de pobreza, política, que seriam as coisas
mais “sociais”, no sentido mais de senso comum. Porém, eu faço isso sempre
trazendo dados (provas e evidências) das conexões. Utilizar errado a teoria
social associativa é chamado de “Duplo Click”, que quer dizer que você não tem
um dado e, mesmo assim, “forja” a conexão “forçando a barra”, tipo dizendo que na
Agronomia todo mundo ama o agronegócio, por exemplo (sem dados, sem conexões!).
Falo isso tudo
porque pesquisei isso também, mas na graduação (Parte sobre Agronomia: https://form-acaoblog.blogspot.com/2018/03/monografia-parte-ii-agronomia.html).
Aliás, é o que não cientistas fazem o tempo todo no nosso dia a dia quando
falam de política, mídia etc. É nosso “hábito” comum. Mas é aí que podemos nos “gabar”
de ter “utilidade pública”, porque é exatamente o que diferencia um sociólogo
ou uma antropóloga de Weintraub (antigo ministro da Educação), por exemplo: não
estamos inventando ou forjando conexões que não existem.
Enquanto
antropólogo, no entanto, acho que devemos aproveitar essas ocasiões para
entender melhor “os outros”: o que tem além do óbvio quando alguém tá fazendo
esse tipo de coisa? Uma hipótese pessoal que cheguei foi que as pessoas parecem
ter “acordado” nas últimas duas décadas sobre o papel da mídia. Seu senso crítico
está atento, não é só mais desconfiar da política, agora você desconfia da TV
também. Isso não é uma coisa boa? Eu acho que sim. Porém, isso tem um lado
ruim, porque é dessa desconfiança que as pessoas passam a confiar mais “nos
seus olhos” e no que podem, elas mesmas, pensar, muitas vezes caindo nas fake News.
Mas uma coisa não necessariamente leva a outra (sem dados, sem conexões!)
Conclusão
Voltando ao papo para encerrar, eu acredito que a Covid-19 faz o “social” ficar visível, como se, finalmente, pudéssemos dar “matéria” ou “corpo” para o social que era só uma coisa vaga, como a Saúde, a Natureza etc. E, sendo mais “acadêmico” (filosofia), eu acho que o Social aparece como expressão-palavra de um lado (Covid-19), de outro como corpos adoecidos pela Covid-19 (essa é a parte linguística da filosofia dos franceses Deleuze e Guatarri). Ou seja: se tu ficar “seguindo” os “passos” da doença, da Covid-19, você vai poder “desenhar” a circulação dela como se fosse o “Social” que não “enxergávamos antes”, porque não tinha como a gente materializá-lo. Agora não, agora podemos “ver o social” pelo “rastro da doença”. É por isso, afinal, que o combate mais efetivo contra a doença é com a higiene pessoal, a não aglomeração “social”, o afastamento entre as pessoas, a descontaminação de objetos etc. Infelizmente, é claro, sabemos que no Brasil, aqui em Olinda, mais especificamente, as pessoas de classe baixa não podem se dar “ao luxo” de ficarem em casa por um motivo simples: irão morrer de fome, pois elas não têm renda.
Precisamos mudar esse mundo, é o que sempre digo: tem
um novo querendo nascer.
sábado, 20 de junho de 2020
Qual a doença mais “social”: Zika ou Covid-19?
Fonte: reprodução da Isto é. Link abaixo. |
Diferença da transmissibilidade e reprodução das doenças
Eu
venho “brincando” com a ideia de que a Covid-19 é mais “social” que a Zika
porque a Zika depende da água pra se reproduzir, a Covid-19 não. Esse “jeito de
ser” da Covid-19, no entanto, se tornou mais grave em abril, quando a Fiocruz
descobriu que existia corona vírus no Esgoto de Niterói (RJ). Nossa, pasmei.
Porém, a Fiocruz não concluiu se rolaria contágio pelo esgoto não. No entanto, pesquisadores/as
descobriram o vírus nas fezes de pacientes contaminados por Covid-19, em
hospitais. Daí o alerta para o monitoramento do esgoto.
Antropologia de Ouro Preto (PE)
Eu
venho pesquisando Covid-19 em Olinda (PE). Mas pesquisei sobre Zika antes. Percebi
que pode existir correspondência entre águas e Zika. Então decidi seguir os
canais de Ouro Preto (bairro de Olinda). Ao seguir eles, descobri que as
ocupações chamadas de “irregulares”, que são típicas de periferias e estão
bastante associadas à miséria e à pobreza extrema, são bastante comuns e, por
isso, os afluentes dos rios (nossos canais), “conectam” pessoas e mosquitos
transmissores de doenças.
O nascimento de Ouro Preto (PE)
Historicamente
o bairro de Ouro Preto nasceu na década de 1960, e parte de seu território, que
é cortado por afluentes do Rio Capibaribe, era propriedade de uma empresa
chamada de Fosforita SA. Resultado: os dejetos da empresa eram despejados no
Rio Capibaribe. Na engenharia ambiental, chamam de eutrofização o processo pelo
qual o rio que, ao receber o lixo e as fezes de residências e de empresas, aumentem
suas taxas de minérios. A Fosforita SA produzia fosfato (muito utilizado para
adubo e fertilizantes usados na agricultura colonialista). Isto é: seja pela
empresa, seja pelas ocupações, temos um possível processo de eutrofização
ocorrendo. Qual o problema disso? Isso atrai as chamadas “algas azuis”, as
cianobactérias. Sim, e daí? Partes delas produzem cianotoxinas que podem causar
dano neurológico. Advinha agora? Ano passado a Fiocruz descobriu que Zika e
cianobactérias foram responsáveis pelo impacto maior da microcefalia e demais
síndromes congênitas de Zika. Ou seja: há relação entre pobreza e Zika por meio
das águas de rios.
O feliz casamento entre biomedicina e antropologia decolonial e a contribuição social como resultado
Mas
e a Covid-19? Bom, se a Zika segue sim pelas águas – conforme mosquitos que as transportam
e dependem da água pra isso-, ela não pode estar em ambientes mais distantes de
afluentes, tendo que se reproduzir nas águas paradas de residências e áreas alagadas
pela chuva. Essa é, aliás, a realidade que o Estado ignora quando se concentra
em exterminar os mosquitos. Ou seja: o Estado ignora sistematicamente a pobreza
e a infraestrutura sanitária de regiões afetadas pelo vírus Zika.
No
caso da Covid-19, no entanto, temos uma contaminação diferente e mais ampla.
Por isso eu a chamo de “mais social”. Ela precisa das interações humanas. Ela
precisa ser transportada. Na epidemiologia dizem que o Aedes aegypti pode
ter vindo de navios que transportavam pessoas escravizadas por colonialistas
europeus brancos. Já a Covid-19 veio, também, de avião (avanço tecnológico!). Depois começou
a circular como qualquer “turista”: de uber, de táxi e de transporte
público. A cada novo transporte, o vírus se reproduzia nos corpos das pessoas.
Para
piorar, pesquisadores/as da Europa estão tentando descobrir se existe
correlação entre o tipo sanguíneo e a gravidade dos efeitos da Covid-19. Tudo
indica que o tipo sanguíneo A é o mais afetado. Ou seja: mais gente desse grupo
morre ou passa perto disso. Então temos aí mais um dado importante: diferente
da Zika, a Covid-19 não se restringe à pobreza, mesmo que a falta de água
associada à pobreza potencialize o risco de contágio (o que é uma consequência
da circulação da doença pelos corpos, não a causa). Em outras palavras: a
doença “pega” qualquer um, e tem uma circulação que acredito ser maior que a da
Zika, porém, a falta de água e a pobreza é o que permite com que, neste caso, a
Covid-19 não seja combatida como ela o é em bairros de classe média e alta.
Podemos casar as ciências sociais e a biomedicina para fazer pesquisas que permitam
chegar a esses resultados – como exponho aqui. No momento, estou fazendo uma
experiência com uma colega da Entomologia para produzir um estudo
interdisciplinar (Entomologia + Antropologia) para, de fato, deixar de apenas
criticar o colonialismo na Ciência e transformá-la, de dentro, como agentes em
busca de uma sociedade mais unificada e pós-racista. Não basta criticar, é
preciso trilhar um caminho. Chega de polarizações e fanfarrice. Como se diz na série
Ad Vitam (2018), ações importam, palavras não.
sábado, 13 de junho de 2020
Ciência e Espiritualidade
Reprodução de Internet. Link abaixo |
Resumo: tento, aqui, explicar o
lado “ruim” da ciência ou, noutras palavras, a sombra que a ciência gera sobre
a existência humana, ofuscando parte da vida ao iluminar outras.
Feminismo e Marxismo
Tanto
movimentos sociais quanto instituições acadêmicas têm em comum a autoridade
científica por trás sempre que se deseja falar sobre o conhecimento e
experiência humana.
No
(s) feminismo (s) e na sociologia crítica, por exemplo (do marxismo aos
frankfurtianos), existem “sombras” que são “feitas” pelo “apagamento” da “espiritualidade”,
do “autoconhecimento” e do “elemento místico” para lidar com sofrimento, dor e
emoções [a salvo outras abordagens mais holísticas do feminismo].
Então
os avanços e progressos embasados na ciência e na “razão” (eurocêntrica) acabam
se tornando uma “arma” contra tudo que seja ligado à “crença”, “espírito”, “religião”
e “misticismo” (O sagrado feminino, por exemplo, tão criticado em artigos e
discursos também feministas por serem “essencialistas”; ou a religião, tão mal
tratada pelo marxismo desde seu surgimento).
Recentemente
comprei o livro “Tornar-se Negro”, de Neuza Santos Souza (2006). Fiquei
impressionado com a afirmação da autora de que é com o empoderamento político
que os pretos e pretas podem lidar com o seu lado emocional, sua experiência,
seus traumas e violências sofridas com o racismo de nossa sociedade.
Impressionei-me
não porque parecia novidade. Mas porque eu já tinha essa impressão de que
nossas experiências pessoais poderiam ser utilizadas como “motor” ou “combustível”
para nossa produção acadêmica e posicionamentos políticos. Porém, é aqui que
fica “a sombra”: o nosso lado emocional, negado pela ciência, fica “escondido”
e, assim, nosso sofrimento e dores não são “curados” porque não recebem
atenção.
Um mundo de experiência pura e o papel da antropologia
Lendo
há pouco sobre os Maias, e sua sabedoria milenar, lembrei que sou “Mago Branco”.
Assim como “signos”, temos, pragmaticamente, chance de dar “sentido” a nossas
experiências de diferentes maneiras. O filósofo e pai da psicologia, William
James, defendia a religião, pragmaticamente, por seus “efeitos de verdade” (se
faz bem para você, por que o filósofo tem que, arrogantemente, dizer que é uma “falsa
verdade” – não ele não pode fazer isso! Não mais!).
É
preciso resgatar a nossa sabedoria compartilhada, de tantos povos e etnias,
para lidar com nossas dores e sofrimentos. Chegou a hora de equilibrar nossa
sociedade comum, pois ela não “vive só de Ciência” e de “Política”. Como diria
o filósofo e antropólogo Bruno Latour, precisamos deixar as possibilidades dos
diferentes modos de ser (ontologias) coexistirem. Aliás, é aqui que a
antropologia cumpre seu papel como uma disciplina acadêmica da vida em comum e
da tolerância – como sugeriu recentemente o antropólogo e biólogo Tim Ingold.
PS.: Esqueci do papel da arte
(poesia, pintura, desenho etc.) como alternativa para lidar também com nossas
dores, prazeres e emoções! Essa é a forma que, recentemente, descobri ser minha
forma de “espiritualidade”. ^^
quinta-feira, 11 de junho de 2020
O MITO da CIÊNCIA PURA: Moro, Salles e Bolsonaro
SÉRGIO MORO um TECNICISTA
Na
saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça, ele dizia que a escolha do novo
diretor da polícia federal deveria ser uma escolha “técnica”, não “política”.
Porém, político, aqui, significava “interesses pessoais” de Jair Bolsonaro, o então
presidente da república.
Beleza?
RICARO SALLES um anti-IDEÓLOGO
Ricardo
Salles, atual ministro do Meio Ambiente é outro representante político que
costuma dizer que existem “ideologias” por trás de “relatórios técnicos”
emitidos por órgãos e autarquias responsáveis pela produção de dados sobre, por
exemplo, queimadas na Floresta Amazônica.
Sacou?
“Ideologia” é quando os dados “deixam de ser técnicos” e se tornam fruto de
“interesses” opostos ao do governo.
BOLSONARO, SALLES E MORO e o
mesmo MITO DA PUREZA
Os
dois casos mostram apenas uma coisa: a ciência e a “técnica” servem sempre a
interesses, sejam de Bolsonaro, de Salles ou de Moro. É um mito “desconectar”
ciência de “interesses” (ou ideologias para Salles e Bolsonaro); ou de “ganhos
individuais” (como disse Mouro sobre “interferências políticas”).
O
que precisa ficar claro é se os “interesses” da Ciência e da “Técnica” estão a
serviço do “bem comum”, se levam em conta responsabilidades sociais (ou
socioambientais) ou não. O que significa que a produção de conhecimento precisa
se alinhar com “um lado” ou “outro” da situação.
E
aí, tu acha que o governo tem responsabilidade social e ambiental? Diz aí, abençado/a.
terça-feira, 9 de junho de 2020
Deus, humanidade e animais
Resumo: bença, vou tentar te mostrar o que acontece quando paramos de “dizer” coisas positivas ou negativas sobre “o ser humano” e passamos a usar Sociologia e Antropologia para “entender” as diferentes formas “desse” ser humano.
Humanidade e animais
Somos
diferentes dos animais, correto? Dizem, né? Somos animais, porém, quando não
nos comportamos de modo “civilizado” e “racional”, deixando o “instinto” (animal)
fazer com que “percamos a razão” (já ouviu, né?).
E
quando “queremos” escravizar os outros? São animais, não um ser humano!”, “são
inferiores” etc., “animais”.
“Ser
humano” é uma coisa que muda conforme desejamos, ora serve pra uma coisa, ora
pra outra. Por exemplo: “precisamos humanizar a saúde”, dizem cientistas
sociais. “Médico desumano”, diz uma paciente mal atendida em uma UPA (Unidade
de Pronto Atendimento).
Mas,
afinal, o que é ser humano?
Sociologia e seres humanos
Man,
mulher, na Sociologia não falamos “humanos”, vamos pra “sociedade” pra dizer
que falar em “humano” é falar de modo muito vago. “Sociedade” se faz de “relações
sociais”. Estas relações sociais explicam, por exemplo, porque o uso do termo “humanidade”
pode ser utilizado para justificar (óbvio que erroneamente) a escravidão ou para falar em “parto humanizado”.
Ou seja: esses diferentes “usos” de “humanidade” são resultado de diferentes “relações
sociais”: no caso da escravidão, eram relações sociais em uma sociedade em que
pessoas brancas escravizavam pessoas negras dentro da lei. Como a lei mudou, nos
apressamos achando que o “racismo” acabou; não, ele não acabou, o que mudou foi que a escravidão se tornou crime.
Já
no caso do “parto humanizado”, as “relações sociais” das últimas décadas em
alguns países estão valorizando outras formas de parto para reduzir violência
obstétrica, entre outras coisas. Portanto, se nós falamos não em “os seres humanos
são isso ou aquilo”, agora podemos falar: “as relações sociais aqui são assim,
ali são ‘assado’”. Isso permite um feito notável: perceber as diferentes formas
de “ser humano”.
Antropologia e culturas
Na
Antropologia, irmã (mas não siamesa!) da Sociologia, como costumo dizer, “cultura”
é muito parecido com “relações sociais”. São “relações culturais”. Elas
explicam diferentes hábitos e costumes de pessoas ao longo de diferentes “sociedades”
e momentos históricos. Podemos ter, por exemplo, uma cultura no Brasil que seja
semelhante a cultura dos Estados Unidos, como desejam alguns/algumas pessoas. Ou,
por outro lado, podemos ter uma cultura geek ou nerd, ou sul-coreana mesmo não
sendo da Coréia do Sul, como minha sobrinha linda, a Júlia. Percebe que “cultura”
e “relações sociais” fazem com que a gente não diga que uma coisa está em todo
ser humano, como a corrupção por exemplo, mas que é resultado de “momentos” ou “lugares”
diferentes?
Isso é tudo pessoal. O resto é
conversa fiada!
PS: é por isso que quando falamos
em religião e deuses, perguntamos, mas de qual sociedade ou qual cultura?
Fonte da imagem: https://i.pinimg.com/originals/d8/bb/5f/d8bb5f52d5246d79f7bbdb6b299156cd.jpg
Duas religiões econômicas no comércio
- Terminei. Vamos? - Diz minha pequena. - Posso ir ao banheiro? - Diz minha segunda pequena. Alguns minutos depois, caminhamos sobre o asfa...
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O post de hoje é sobre “como Latour” e a TAR são utilizados por autores/as da América Latina. Não vou fazer um texto “...
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Lara Albuquerque, 2019. Alteridades A antropologia pode ser considerada como uma ciência da alteridade. Começando com ...