terça-feira, 29 de maio de 2018

“Etnobiografia sociológica no Brasil” Por que fazer Ciências Sociais no Brasil?



Em 2012, segundo semestre letivo, iniciei a graduação no Bacharelado em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco (UFRPE). Na UFRPE não existe, atualmente, curso de licenciatura em CS; na Universidade Federal de Pernambuco existe a opção pelo bacharelado ou pela licenciatura.

Entrei em CS por meio do conhecido Sisu, sem ser por cotas. Salvo engano, minha nota foi pouco acima de 600 pontos. Salvo engano, de novo, acho que CS era minha segunda opção de curso, sendo História a primeira. Na época, eu não entendia muito bem as diferenças entre bacharelado e licenciatura, tampouco para que serviria, na prática, o curso de CS. Mas uma coisa eu sabia, eu queria entrar no mestrado. Se me perguntassem por que, eu diria, por questões profissionais e financeiras, além de achar que tinha aptidão para a área (ciências humanas e sociais).

Pois bem, cursei CS sem gostar muito de salas de aula. No começo da graduação era um aluno (discente) dedicado; depois fui me tornando “rebelde” e “indisciplinado”. Contudo, isso não me impediu de concluir o curso no tempo previsto e, no semestre seguinte, tentar o mestrado em Sociologia na UFPE. Mas não sem antes tentar o mestrado em História na UFRPE e não conseguir passar (é, parece que História não era, afinal, o curso que eu deveria fazer).

Após cursar as disciplinas do mestrado e estar em fase de desenvolvimento de pesquisa, decidi analisar pra onde eu poderia ir com o curso Superior em CS e Mestrado em Sociologia (e aqui as coisas se tornam bem complicadas...).

Primeiro: eu posso dar aula na Educação Básica (Fundamental e Médio)? Não! Quem poderia dar aula de “Sociologia” – na verdade, CS – são portadores e portadoras de diploma de licenciatura; bacharelado é pra ser pesquisador e pesquisadora ou docente (professor e professora universitário/a).
Com a proposta de Reforma do Ensino Médio, promovida por meio de medida provisória (MP) do governo do excelentíssimo presidente Michel Temer, em conjunto com o Ministério da Educação e Cultura (MEC), chefiado por Mendonça Filho, não será mais necessário ter o diploma de licenciado em CS, basta ter o que se chama de “notório saber”... O que significa, em outras palavras, que profissionais de outras áreas poderão lecionar CS no lugar de licenciados e licenciadas em CS.

Oras, vetado duplamente de tentar um concurso ou seleção simplificada para a educação pública Básica, então melhor seria continuar dentro do escolhido: Bacharelado.

Segundo: aí vem a possibilidade de escolha – docente e/ou pesquisador/a. De fato, é o que eu gostaria de fazer: ser pesquisador (não docente!). Então vem a pergunta: onde atuar como pesquisador exercendo a função de sociólogo? Iniciativa pública ou privada. Simples! O problema é que raramente existem vagas na iniciativa privada ou concursos para a iniciativa pública. Vou dar um exemplo: recentemente o SENAI (mai/2018) abriu uma seleção para contratação de pesquisador (a). Quantas vagas? Uma. Apenas uma. Observação: a vaga poderia ser preenchida, também, por Economistas. Critérios para seleção? Domínio de alguns softwares de análise de dados... Bom, presumi-se que em uma graduação em pesquisa em pleno século XXI não deva existir uma defasagem nesse quesito. Surpresa – sim, há uma defasagem. As disciplinas (cadeiras) da graduação em CS simplesmente não estão capacitadas para um ambiente informatizado*.

A UFPE possui esse “diferencial”. Na graduação (e no mestrado em Sociologia) existe o uso de um software para análise de dados estatísticos. O IBM SPSS. No entanto, esse software é utilizado como ferramenta de tratamento de dados quantitativos. A pergunta que se segue é: não existe nenhum software para tratamento de dados qualitativos?

Respondendo a pergunta: sim, eles existem. No entanto, em ambas as graduações federais locais (bacharelado), métodos qualitativos de pesquisa se resumem à leitura de textos que apresentam os diferentes métodos qualitativos e, normalmente, apresentam diferentes abordagens para tais métodos (por exemplo: abordagem crítica, positivista, interpretativista etc.). A questão é: e o tratamento dos dados? Bom, isso é feito de maneira quase que intuitiva. E aí reside uma crítica pertinente da área quantitativa à área qualitativa.

(Talvez isso seja mais um agravante para pessoas que temem escrever um trabalho de conclusão de curso (TCC) no formato de monografia. Ou seja: é, supostamente, sua primeira pesquisa, você nunca analisou dados, e ainda tem que defender sua pesquisa no rito de defesa do TCC contra especialistas em sua área para poder obter seu diploma! Para isso, dirão, existe o orientador ou orientadora. Mais ainda, para isso existem bolsas de Iniciação Científica com duração de até 2 anos, financiadas por autarquias como a CAPES e o CNPq, ou, localmente, a FACEPE. Apesar, claro, de que não há bolsas para todo mundo e, também, nem todo mundo, afinal, tem interesse em fazer pesquisa – me pergunto o que fazem no bacharelado!).

Terceiro: a opção de docência é de longe a mais simples de todas. Primeiramente, é preciso conseguir passar numa seleção de doutorado e, então, estudar mais quatro longos anos (somando: 4 anos de graduação + 2 anos de mestrado + 4 anos de doutorado = 10 anos de estudo após a conclusão da Educação Básica). Após obter o título, finalmente, você poderá tentar um concurso para docência em Instituições Federais (IFs). Os salários são relativamente bons, aproximando-se de R$ 10, 000,00 inicialmente.

Claro, antes disso existe a possibilidade de que aparecem seleções para professor ou professora substituto/a. É possível, em alguns casos, se candidatar apenas com diploma de graduação.  Além disso, faculdades particulares ainda costumam ter em seu quadro professores ou professoras apenas com o diploma de mestrado.

Quarto: é possível, se nada mais restar, se candidatar em concursos para concorrer a vagas de nível Superior em concursos públicos! Oras, mas isso serve para qualquer curso... isto é: se pedir apenas nível superior, sem especificar área – como é o caso de algumas vagas recentemente (mai/2018) abertas na Secretaria de Educação de Pernambuco.

Como pode ser visto neste blog, eu realizei uma pesquisa na área de Agronomia da UFRPE (link: http://form-acaoblog.blogspot.com/2018/03/monografia-conclusao-e-agradecimentos.html). A pesquisa foi comparada com CS. No contexto de mercado de trabalho, a diferença é absurda. Agronomia é um ponto de passagem obrigatório para políticas econômicas agrárias no modelo de gestão econômico brasileiro; CS e Sociologia, simplesmente, não. Dito de outra maneira: há uma forte conexão entre formação agronômica, mercado, e políticas agrárias no Brasil. Mas o mesmo não ocorre com CS e Sociologia.

A pergunta final é: por que fazer Ciências Sociais no Brasil?
(Pretendo desenvolver uma pesquisa sobre esse assunto em breve).

* Abaixo, links úteis para download de softwares (alguns CAQDAS - Computer Assisted Qualitative Data Analysis Software) para análise de dados:

Download do Atlas ti 8. Análise qualitativa. – versão limitada - Link: https://atlasti.com/free-trial-version/

Link para seminário introdutório ao Atlas ti. 8. (Em espanhol): https://www.youtube.com/watch?v=8NBYER_Ceno
Download do Guephi 0.9.2 Análise de redes, redes sociais. Link: https://gephi.org/users/download/

Download do Sphinx iQ 2. – versão demo - (Análise quantitativa e análise qualitativa simples + coleta (surveys/questionários) e divulgação de dados (Mobiles, web)) Link: http://www.sphinxbrasil.com/produto/sphinx-iq2/demo/260

Site da IBM (SPSS). Software de tratamento de dados estatísticos – versão paga .Link: https://www.ibm.com/analytics/data-science/predictive-analytics/spss-statistical-software











quinta-feira, 17 de maio de 2018

Byung-Chul Han, "Hoje o indivíduo se explora e acha que isso é realização"*

*: Matéria exibida pelo jornal El País (link, abaixo).

Prévia:

"Narcisismo. Han afirma que “ser observado hoje é um aspecto central do ser no mundo”. O problema reside no fato de que “o narcisista é cego na hora de ver o outro” e, sem esse outro, “não se pode produzir o sentimento de autoestima”

link: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/07/cultura/1517989873_086219.html

Arte, Literatura e Ideologia*

Abaixo, segue link para uma coluna do jornal Folha de São Paulo, da autoria de Juliana de Albuquerque.

Citações:

"Quem pensa por slogans, não pensa: reproduz o mesmo."

"... a arte e a literatura que nos humanizam sempre são desafiadoras de toda forma de conservadorismo reacionário, tanto de direita como de esquerda."


Link:
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/juliana-de-albuquerque/2018/04/arte-literatura-e-ideologia.shtml?loggedpaywall?loggedpaywall

Duas religiões econômicas no comércio

 - Terminei. Vamos? - Diz minha pequena. - Posso ir ao banheiro? - Diz minha segunda pequena. Alguns minutos depois, caminhamos sobre o asfa...