domingo, 22 de julho de 2018

22 DE JULHO - DIA DO E DA CIENTISTA SOCIAL



Aproveitando a data para apresentar a profissão do e da cientista social e esclarecer algumas questões sobre área de atuação profissional de cientistas sociais.

Com a palavra, a professora Dra de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Júlia Figueiredo Benzaquen (clique no link abaixo):

https://www.youtube.com/watch?v=CKh_TZaKwto&feature=youtu.be

domingo, 8 de julho de 2018

ETNOMETODOLOGIA: Conexões entre teoria e pesquisa de campo



Rafael Soares Ribeiro
                                                                                         
E-mail: rafael.soares504@gmail.com

[O presente trabalho foi elaborado e submetido à avaliação para a cadeira de Métodos Avançados em Pesquisa Qualitativa do Programa de Pós-Graduação (mestrado) em Sociologia da UFPE].

Resumo

Garfinkel foi o criador da Etnometodologia, que funciona como um campo crítico para à sociologia que estavam sendo produzida nos Estados Unidos da América em meados do século XX, sendo Talcolt Parsons o líder deste movimento. A proposta era criar um modelo sociológico geral que vincularia as disciplinas da psicologia, sociologia e antropologia dentro de uma estrutura teórica única e abrangente que havia sido esboçada em The Structure of Social Action, baseado na obra de Durkheim. A Etnometodologia, portanto, procura fazer uma ruptura com o modelo funcionalista-estruturalista da sociologia americana de meados do século XX, numa procura incessante de desvelar o pano estrutural que obscurece a percepção do pesquisador sobre os processos dinâmicos da sociedade. É um modelo que visa entender como a sociedade se constrói a partir dos processos microsociológicos presentes na vida cotidiana, planificando ao nível da agência as instituições sociais e repensando sua estruturação. Este artigo tem como objetivo descrever um pouco sobre o contexto histórico em que a etnometodologia foi criada por Garfinkel, suas influências da Fenomenologia, da psicolinguística e do pensamento sociológico de Alfred Schütz e, por fim, seus aspectos práticos para a pesquisa de campo, descrevendo um esboço para a aplicação da etnometodologia em estudos sobre o trabalho.

Palavras-Chave: Etnometodologia; Ação Social; Teoria; Métodos.

Introdução

Garfinkel foi o criador da Etnometodologia, que funciona como um campo crítico para a sociologia que estavam sendo produzida nos Estados Unidos da América em meados do século XX, sendo Talcolt Parsons o líder deste movimento. A proposta era criar um modelo sociológico geral que vincularia as disciplinas da psicologia, sociologia e antropologia dentro de uma estrutura teórica única e abrangente que havia sido esboçada em The Structure of Social Action, baseado na obra de Durkheim.
A Etnometodologia, portanto, procura fazer uma ruptura com o modelo funcionalista-estruturalista parsoniana, numa procura incessante de desvelar o pano estrutural que obscurece a percepção do pesquisador sobre os processos dinâmicos da sociedade. No entanto, esta metodologia (e método) surgiu de acordo com John C. Heritage (1999) em um contexto reativo à posturas que divergissem do modelo que estava sendo produzido por Parsons e seus seguidores. Portanto, Garfinkel teve a infelicidade de não ter o reconhecimento por sua obra, além de suas ideias terem recebido fortes críticas e interpretações deturpadas.
Sendo assim, podemos perceber que a etnometodologia bebe das fontes epistemológicas das filosofias interpretativistas quanto do construcionismo social (Schwandt, 2006).
A etnometodologia modelo que visa entender como a sociedade se constrói a partir dos processos microsociológicos presentes na vida cotidiana, planificando ao nível da agência as instituições sociais e repensando as estruturas criadas a partir das interações dos indivíduos com indivíduos e coisas. Este é um complexo processo de interpretação, de compreensão, manutenção e modificação resultado de um processo de trocas simbólicas, intersubjetivas, de usos do conhecimento socialmente acumulado instrumentalizado nas resoluções das questões da vida cotidiana.
Tendo em vista a complexidade da obra de Garfinkel e, talvez, neste momento histórico de possibilidade não rara de crítica e releitura das obras clássicas da sociologia, este artigo objetiva resgatar um pouco sobre o contexto histórico em que a etnometodologia foi criada por Garfinkel, suas influências da Fenomenologia, da psicolinguística e do pensamento sociológico de Alfred Schutz e, por fim, seus aspectos práticos para a pesquisa de campo, descrevendo alguns exemplos da aplicação do método.

Contexto histórico da criação da etnometodologia

A etnometodologia é uma matriz metodológica foi criada por Harold Garfinkel na década de 60 do século XX. Trata-se de um campo interdisciplinar com fundamentação de outros campos de conhecimentos: a fenomenologia e a psicolinguística. Seu objetivo principal, não inédito, é a busca incessante de entender como o social é construído, modificado e transformado através das relações entre os indivíduos (membros) no cotidiano.
Garfinkel apresenta a etnometodologia como um modelo diametralmente aposto ao modelo funcionalista-estruturalista parsoniano – modelo regente nos estudos sociológicos nos Estados Unidos da América – no qual o Garfinkel estava inserido.
Os escritos publicados por Garfinkel foram aceitos pela comunidade científica de sua época como tendo grande significância, no entanto não encontraram passagem aberta para a comunidade sociológica.
Seus textos eram bastante difíceis, apresentando-se “condensados, opacos e crípticos” (Heritage, 1999). Além de produzir um conjunto de obras que, diferente dos clássicos sociológicos, não eram sistematicamente conexas, mas uma análise aprofundada permite capturar as continuidades de suas ideias. Estes elementos tiveram como resultado leituras deturpadas e trivializadas de sua obra: Escritos de Etnometodologia. Foi apontado como um método sem substância (COSER, in Heritage, 1999) ou como “uma negação da organização social – uma sociologia do vale-tudo” (1999, p. 323).
Não obstante, a etnometodologia foi produzida num período de “caótica convulsão das ciências sociais” (1999, p.322). Contexto este em que o campo das pesquisas em sociologia estava praticamente embebido no paradigma funcionalista-estruturalista desenvolvido por Talcolt Parsons. Segundo John C. Heritage (1999), Garfinkel produziu a etnometodologia num contexto histórico da produção sociológica muito repelente às teorias críticas ao modelo funcionalista-estruturalista, se tivesse sido construída nos anos posteriores da crítica talvez sua obra tivesse tido melhor aceitação pela comunidade sociológica.
Em seus escritos desenvolveu um eixo norteador que serviu como base conceitual para a etnometodologia. Reuniu a teoria da ação social, a natureza da intersubjetividade e a constituição social do conhecimento num só locus. Estes elementos são propriedades fundamentais do raciocínio e das razões instrumentais presentes no cotidiano das pessoas.
No desenvolver de seu arcabouço teórico, Garfinkel procurou se descolar dos fundamentos da teoria da ação social tradicional e inseri-la nos modelos cognoscíveis pelos quais – conscientes ou não, os agentes sociais “reconhecem, produzem e reproduzem ações sociais e estruturas sociais” (Heritagem, 1999, p.324).
As contraposições e críticas entre a teoria parsoniana e a etnometodologia de Garfinkel são bastante transparentes. Garfinkel se refere aos fatos sociais como elementos de segunda ordem “reificações que não têm pernas, braços cérebros, sentidos ou sentimentos e que, portanto, não tem existência efetiva senão por meio dos indivíduos que, dia-a-dia, percebem, interpretam, cooperam, constroem, refazem ou mantêm as formas de interações sociais” (Araújo, 2012). Estes fatos são elementos que nublam a perspectiva do pesquisador sobre o objeto pesquisado, pois induz que este se perceba como um observador imparcial que tem como principal função desvelar a ação da estrutura sobre os indivíduos, ou seja, toma a posição de que estes fatos já estão dados e atuam de forma oculta sobre a sociedade sem que os indivíduos se deem conta disso.
Para Garfinkel esse elemento faz parte de uma socialidade internalizada pelo pesquisador dentro do seu campo de conhecimento e que esta socialidade é uma condição fundamental para o entendimento mútuos dos sujeitos dentro de um determinado contexto. No entanto, ela infere de forma que o sujeito toma como dado aquilo que deveria ser objeto de investigação e reflexão.

As influências da Fenomenologia

O primeiro dos elementos presenciados na obra de Garfinkel é o da redução fenomenológica. Este método trata de colocar de lado os conceitos que transformam as estruturas da sociedade em coisas, removendo o véu que cobre a realidade social, revelando assim as ações pelas quais os indivíduos constroem os fundamentos da sociedade. É por meio deste processo de revelação que o pesquisador rompe com as formas de interação pré-reflexivas – formada através de um processo de socialidade comum, independente do campo de produção científica – e se torna capaz de captar a realidade social como ele é; como um fenômeno.
Só é partir deste momento de ruptura e de contato com o fenômeno que o pesquisador é capaz de teorizar, pois para teorizar é preciso reflexão e não há reflexão sem a interação entre o sujeito e o objeto (coisa ou ideia). A percepção do mundo se torna fundamento incondicional de toda realidade. (Araújo, 2012) O Fenômeno é a aparição parcial das coisas – reais ou imaginadas – na consciência; portanto é impossível de ser apreendido em sua completude com apenas um golpe da consciência, no entanto, mesmo assim, é processo natural de toda consciência a redução fenomenológica, através dos preenchimentos das lacunas da percepção sobre um determinado fenômeno, gerar uma totalidade.
Pensar em fenômeno social é quebrar as barreiras dicotômicas entre agência e estrutura social, pois os fatos sociais só existem para a consciência, pois sem ela os fenômenos em si não teriam nenhum sentido. O sentido de determinada ação é visto como resultado das experiências condensadas pela consciência do indivíduo e servem como lente de leitura para os elementos da vida social.
Sendo assim, cada indivíduo possui os atributos capazes de apreender a sociedade em que estão inseridos de maneiras impares, assim como também internaliza os elementos normativos do capital social acumulado historicamente por determinada organização social. O reconhecimento compreensão entre um indivíduo e outro torna possível a interação e a comunicação destes elementos valorativos, assim como estes através do processo de ruptura e reflexão é possível criar formas de interpretar, manter e modificar as ações na vida cotidiana.
A transformação das percepções individuais em um conjunto de normas compartilhadas de interpretações se chama Lebenswelt. O campo destas relações se fundamenta numa atitude internalizada, recíproca, de que cada um, apesar de possuírem percepções diferentes sobre os fenômenos sociais, existem elementos que lhes são comuns e que estes proporcionam que os indivíduos sejam capazes de entenderem-se uns aos outros e perceberem que coexistem no mesmo mundo (Araújo, 2012).
As instituições na Lebenswelt se aplanam ao nível da agência, sendo assim não há lugar dentro desta teoria para um observador neutro, mas, sim, um ator capaz de distinguir a ações que constroem a realidade social das normas sociais que são mantidas/atualizadas pelas instituições através do processo de interação entre os indivíduos na utilização de uma razão instrumental distante daquela idealizada pela teoria da ação social parsoniana (Heritage, 1999).

As influências da psicolinguística

As críticas da interpretação fenomenológica da sociedade é que há uma questão não resolvida (um solipsismo) no qual se reduzimos o mundo às percepções individuais, estamos enviesando o raciocínio de que é possível produzir interpretações comuns dos fenômenos. Para resolver esta questão foi necessário recorrer aos estudos desenvolvidos pelos estudiosos da psicologia do desenvolvimento e procurar entender como se dá o processo pelo qual o indivíduo internaliza os elementos fundamentais para que haja a possibilidade de os indivíduos passarem as suas formas de percepção e interpretação do mundo para outros indivíduos de forma que se torne um elemento comum de interpretação.
Os estudos realizados por Pieget relatam os processos de desenvolvimento do indivíduo em diferentes fases do seu crescimento, entre elas ressaltamos o desenvolvimento da consciência através da interação entre o ego (eu) e o alter (mundo). Nas primeiras etapas do desenvolvimento da criança, o mundo existe apenas para si, ou seja, existe apenas enquanto ela o percebe e sente; em seguida, a criança começa a se perceber como uma coisa entre as coisas, ou seja, a criança começa a refletir sobre sua posição entre aqueles elementos percebidos e interpretados por sua consciência; e, por fim, a criança é capaz de se ver como um indivíduo entre os indivíduos. (Araújo, 2012) Esta relação entre o individuo e os objetos (reais ou imaginários) se torna mais complexa, pois o sistema que este usa para interpretar a pensar, interpretar e modificar a realidade em sua volta é através da internalização da linguagem local.
Para Luria é através da língua que o indivíduo absorve da sua sociedade um determinado sistema de interpretação do mundo. Ele, Luria, constrói uma espécie de tipologia do desenvolvimento da linguagem, que vai desde o uso instrumental para fins práticos da linguagem até a sua complexificação com a ampliação do mundo conhecido, como também pelos contatos entre diferentes grupos sociais do mundo compartilhando, confrontando e modificando suas formas de interpretação do mundo ao redor. (Araújo, 2012) Esta complexificação tornou possível o uso da reflexão no processo de redução fenomenológica de conceitos que anteriormente estavam vinculados com os elementos práticos da vida cotidiana para formulações mais totalizantes e gerais capazes de serem apreendidas por um contingente maior de pessoas assim como ser interpretada em diversos contextos.
Não obstante o processo de internalização de uma língua além de ser um dos principais elementos do processo de socialização também não se constitui de um processo estritamente passivo. Ao se tornarem capazes de articular palavras e formar frases, os indivíduos também são capazes de produzir novas formulações linguísticas capazes de resolver questões que as presentes não são capazes de realizar. Este processo, se bem-sucedido, é possível que seja transformado em Lebenswelt. A língua, portanto, é a ponte entre a subjetividade e a comunidade – a reflexividade linguística (Araújo, 2012).
No entanto, para Garfinkel, as ações sociais não precisam ser fundamentalmente da linguagem para que se tornem disponíveis para os participantes. Para dar um exemplo, Garfinkel usa do exemplo da fila, no qual um grupo de pessoas por estarem numa mesma relação espacial umas com as outras, formulam uma pequena instituição social e estabelecem uma lógica de ação e reação morais umas em relação às outras. (Heritage, 1999).

A influência de Alfred Schütz

Garfinkel foi profundamente influenciado pelos trabalhos de Alfred Schütz. Em seus escritos, Schütz se defrontou com uma questão irrespondível; está questão era relativa a inclusão da análise do conhecimento dos agentes na esfera da teoria da ação. Para ele o mundo é interpretado de acordo com categorias e construtos usados cotidianamente no senso comum são fundamentalmente sociais em sua origem, pois são os instrumentos com os quais os agentes interpretam a ação, captam as intenções e motivações das ações, realizam compreensões intersubjetivas e as ordenam numa lógica instrumental – ou seja correspondem às formas pelas quais os agentes “navegam no mundo social’ (Heritage, 1999, p.328).
É importante ressaltar que nos textos de Schütz, os dados empíricos são fundamentais para a análise, pois serve como elemento de comparação e contestação do mundo fictício criador corriqueiramente pelo observador científico (Schütz, 1964a, p.8). Muitas vezes estes erros são recorrentes devido à socialidade interna de todo o pesquisador de um determinado campo científico; esse processo de internalização de valores normativos de um determinado campo é também colocado como elemento de criticidade e o pesquisador, assim como o objeto, deve passar pelo processo de ruptura para que seja capaz de sair da normalidade e possa perceber os elementos que anteriormente lhe passavam despercebido – eram tomados como óbvios. (Araújo, 2012)
Esta objetivação e normalização dos objetos, ações e acontecimentos comuns são percebidas passivamente, pois no cotidiano não deixa espaços de reflexão sobre a realidade ou não das coisas. Estes elementos que orientam a ação do agente são frequentemente constituídos na dinâmica da experiência cotidiana por intermédio de uma série de operações subjetivas. (Heritage, 1999).
No entanto, a compreensão intersubjetiva dos agentes se consolida por meio de uma série de processos ativos pelos quais os indivíduos admitem a “a tese geral da reciprocidade das perspectivas” (Schütz, 1962, p.II-3); ou seja, mesmo que os indivíduos possuam diferentes formas de perceber os fenômenos do cotidiano de formas diferentes, eles são capaz de tratar suas experiências como idênticas para fins práticos. Este conhecimento de senso comum é condensado numa série de elementos que possibilitam a ação pela consciência através de seu atributo de redução fenomenológica, no entanto, este conhecimento não é exato, pois como se trata de uma redução, é possível que a interpretação sobre os elementos que constituem o fenômeno de uma determinada ação estejam errados. Não há “em parte alguma a garantia da confiabilidade de todas essas suposições pelos quais somos governados” (Schütz, 1964b, p.n·3).
Como podemos notar, Schütz também se contrapôs ao modelo parsoniano em relação a não procurar interpretar as ações que não são idealmente racionais como ações guiadas pelos elementos normativos e por isso devem ser postos de lado por não se aproximarem dos elementos que compõem o que Parsons idealizava como uma racionalidade científica. O conhecimento instrumental do senso comum “quando muito, é parcialmente racional e essa racionalidade tem muitos graus” (Schütz, 1962, p.3 in Heritage, 1999).
Desta última contribuição de Schütz, Garfinkel desenvolveu um novo campo de análise sociológica. Este campo se propõe a estudar os atributos da racionalidade prática do senso comum nas diversas situações do cotidiano, cujo os objetivos eram perceber como os participantes criam, reúnem, produzem e reproduzem as estruturas sociais pelas quais se orientam. (Heritage, 1999). Garfinkel nomeou isso como “indiferença etnometodológica” (Garfinkel & Sacks, 1970).
Admitindo-se que existe uma ordem de eventos a ser encontrada, de “como os homens, isolados, mas simultaneamente em estranha comunhão, empreendem a tarefa de construir, testar, manter, alterar, validar, questionar e definir uma ordem juntos” (Garfinkel. 1952, p.114). Foi esse novo “problema cognitivo da ordem”.

A etnometodologia

Garfinkel investiu nessa empreitada contra as formas engessadas e objetivantes dos estudos no campo da sociologia. Para ele, a principal base destas análises: os fatos sociais não são elementos fixos, estáveis e que se localizam numa dimensão de realidade externa aos indivíduos; em sua perspectiva, estes fatos são frutos das relações intersubjetivas dos indivíduos de uma determinada comunidade que os instrumentalizam para resolver as questões práticas da vida cotidiana. Compreender os conhecimentos que guiam as ações dos indivíduos nos diferentes cenários da vida cotidiana é o que Garfinkel chamou de etnométodos.
Deste modo, Coulon conceituou etnometodologia como:

A etnometodologia é a pesquisa empírica dos métodos que os indivíduos utilizam para dar sentido e ao mesmo tempo realizar as suas ações de todos os dias: comunicar-se, tomar decisões, raciocinar. Para os etnometodólogos, a etnometodologia será, portanto, o estudo dessas atividades cotidianas, quer sejam triviais ou eruditas, considerando que a própria sociologia deve ser considerada como uma atividade prática.” (COULON, 1995, p. 30)

A partir dessa perspectiva podemos compreender a etnomedologia como um estudo de todas as ações executadas pelos membros de uma determinada comunidade, ou grupo, além de se aprofundar no significado das ações e dos conhecimentos (acumulados socialmente) para executá-las e compreendê-las.
A ideia de membro é um ponto fundamental para a compreensão das dinâmicas sociais de um determinado grupo. O membro está além de um indivíduo que faz parte de um agrupamento social. O membro tem o dever contribuir de várias formas para a construção de uma realidade social de sua comunidade, participando ativamente como um agente seja mantendo determinada ordem social, seja transformando-a em outra. Em suma, o membro é um agente ativo que infere significativamente no contexto em que está inserido (Oliveira, 2012).
Os estudos realizados pela etnometodologia objetivam compreender as diversas formas de associação e interação baseando-se nas ações executadas pelos indivíduos no cotidiano. Segundo Alain Coulon (1995), em “A Etnometodologia’, a etnometodologia, como uma corrente sociológica, é alicerçada nos seguintes conceitos-chave: a prática, também chamada de realização; a indicialidade e o método documental; a reflexividade; a relatabilidade, também conhecida como accountability.
O conceito-chave da realização trata de estudar as atividades cotidianos dos membros e como estes atribuem significados às suas ações. Desta forma, podem perceber como os valores institucionais são instrumentalizados e modificados para melhor se adequarem a resolução de situações no cotidiano, gerando assim um leque de interpretações que podem, ou não, ser internalizados como novas normas pela comunidade, como podem não ser.
Fala-se ordem, mas está é apenas uma aparência, uma redução ao nível prática e nivelado das coisas que permitem que os indivíduos possam agir da forma mais segura possível sem gerar o que Garfinkel chama de ruptura (Oliveira, 2012) – um elemento do pragmatismo americano bastante claro nos escritos dele. No entanto, esta ordem pode ser modificada de forma que sempre é possível ao membro interpretar e produzir novas formas de entendimento.
O conceito-chave da indicialidade se baseia profundamente na linguagem, por
esta representar as formas pelos quais os membros se utilizam para executarem suas relações no cotidiano; é por meio dela que os indivíduos se comunicam, trocam conhecimentos e informações. Esta comunicação não precisa ser necessariamente verbalizada. Este método presta uma atenção especial para os novos significados atribuídos aos significantes no decorrer dos anos.
O método documental foi desenvolvido por Garfinkel ao se questionar como a
contextualidade é imputada aos indivíduos, já que esta é um elemento fundamental
para se compreender as ações e os seus significados, ou seja, sua explicabilidade
(Heritage, 1999).
Garfinkel descreve o método documentável como

o método [que] consiste em tratar uma aparência real como "o documento de", como "apontando para", como "favorecendo um" pressuposto padrão subjacente. Não somente o padrão subjacente e derivado de suas evidencias documentais individuais, como também as evidencias documentais individuais são, por sua vez, interpretadas na base de "o que se sabe" sobre o padrão subjacente. Cada urn é usado para elaborar o outro. (GARFINKEL, 1984c, p.78).

O método documental foi desenvolvido durante um estudo que procurava as inferências da contextualidade nas ações dos membros de um determinado grupo de estudantes que foram instados a participar de um modelo diferente de supervisão. O método foi dividir os grupos entre estudantes e conselheiros. As salas em que foram locados eram vizinha e possuíam um sistema de intercomunicação que garantia que o estudante que era solicitado a desenvolver um quadro dos problemas que estavam tentando solucionar através do aconselhamento e depois poderia fazer diversas perguntas que seriam respondidas com sim ou não. Entre o hiato de cada pergunta e resposta, era solicitado que o estudante desligasse o aparelho de intercomunicação e gravasse sua reflexão sobre o ocorrido. As respostas eram dadas de forma completamente aleatória através de uma codificação através dos números. A ideia era perceber através das reflexões dos indivíduos os efeitos da aleatoriedade das respostas em perguntas que poderiam estar totalmente desconexas com as respostas e as tentativas dos estudantes de atribuírem sentido ao que foi respondido. Os estudantes interpretam o conselho tendo o conhecimento referencial do senso comum em vários aspectos, pois supunham que o conhecimento que tinham sobre o tema do conselho era comumente compartilha com o do conselheiro. A partir disso puderam avaliar o conselho como razoável ou não-razoável, emitindo juízos de valor em referência ao conhecimento que carregavam. (Heritage, 1999).
Coulon (1997: 70) sintetiza o método documentário como uma forma de padronizar um sinal, que pode ser falso ou não, de determinadas ações observadas, e é por meio deste padrão que o agente/membro/observador orientará a percepção da situação.
Outro conceito-chave é a reflexividade, como uma propriedade que os membros exercem sobre os resultados das interações sociais e as influencias que esses resultados geram na sociedade. Estas reflexões realizadas pelos membros são executadas de forma pré-reflexiva, instintiva (Coulon, 1997), pois, como já fora dito antes por Schütz (1964) a vida cotidiana suprime qualquer dúvida sobre a realidade dos objetos e das interações. Ou seja, se trata de uma ação espontânea, independente como o ato de beber água, ou de andar (Oliveira, 2012). Este é o elemento básico para que haja a sensação de ruptura quando a dúvida é levada a tona e locus das transformações sociais.
Para exemplificar, Garfinkel se utiliza de experimentos com o jogo da velha. A proposta era que as regras do jogo da velha fossem rompidas por experimentados através do seguinte processo: pedia-se ao paciente que executasse o primeiro movimento – primeira marcação -, em seguida apagavam a marca e passavam a marcação para outra casa e depois o oponente fazia seu próprio movimento. A todo momento o oponente evitava demonstrar que qualquer ato inusitado estava sendo feito. O resultado foi que em mais de 250 tentativas, 95% dos pacientes experimentais reagiram a esse comportamento e mais de 75% reagiram ativamente exigindo explicações (Heritage, 1999).
Podemos notar que as ações que rompiam com a ordem das regras do jogo que deveriam – de acordo com o que se espera para a operação do jogo – manter a coerência de todo o sistema resultou num tipo de ruptura, de choque e até mesmo de irritação, pois foram feitas inúmeras tentativas de restaurar a ordem, mas o oponente nunca as seguia a ponto de pedirem que o oponente se retratasse ou explicasse o que estava fazendo.
Por fim, o último conceito-chave relativo aos critérios de interpretação dos etnométodos, a relatabilidade ou accountability. Esse é um processo que ocorre após a reflexividade, quando os indivíduos descrevem as ações presenciadas ou suas ações. Este é um processo no qual através da reflexão os indivíduos descrever os significados e sentidos construídos.

A Etnometodologia na pesquisa de campo

Após entendermos os fundamentos interpretativos das ações sociais dos indivíduos em um determinado grupo, podemos, agora, ordenar os princípios básicos de uma pesquisa de campo que tenha como práxis a etnometodologia.
Segundo Coloun,

No lugar de formular a hipótese de que os atores seguem as regras, o interesse da Etnometodologia consiste em colocar em dia os métodos empregados pelos atores para “atualizar” ditas regras. Isto as faz observáveis e descritivas. As atividades práticas dos membros, em suas atividades concretas, revelam as regras e os procedimentos. Dito isto de outra forma, a atenta observação e análise dos processos levados a cabo nas ações permitiriam colocar em dia os procedimentos empregados pelos atores para interpretar constantemente a realidade social para inventar a vida em uma bricolagem permanente.
(COULON, 2005, p. 34).

De início devemos verificar que essa corrente sociológica serve para estudar os grupos e suas particularidades, e deste modo entender como os indivíduos desses grupos se comportam e a partir de suas ações cotidianas e da interação com os outros indivíduos do grupo, criam ou modificam o entendimento do mundo social. Não obstante a etnometodologia não é uma corrente que visa criar categorias generalizantes, mas, sim, de se ocuparem dos estudos de grupos isoladamente, na intenção de levantar questões e trazer as respostas para estes problemas.
Uma das técnicas bastante usadas pelos estudos em etnometodologia é o processo de provocação experimental, que se trata de uma forma de desorganização da ordem instituída por um determinado grupo, provocando o que podemos chamar de ruptura e daí usar os princípios interpretativos relatados anteriormente. A proposta é fazer uma desarrumação nas rotinas. Portanto, é pressuposto que exista uma ordem moral que garanta o bom êxito das interações para que seja possível o uso da técnica de desarrumação (Coulon, 1995).
É importante ressaltar que os procedimentos usados pelos etnometodólogos não são originais da metodologia, pois as técnicas usadas tanto por Garfinkel quando por seus seguidores compunham o leque de métodos da sociologia qualitativa moderna. Portanto, Garfinkel não objetivava revelar o que estava errado na sociologia, nem mesmo fazer uma revolução metodológica, mas, sim, criticar os métodos que se configuravam como os padrões (principalmente os quantitativos).
Um dos principais métodos utilizados pelos etnometodólogos são emprestados da etnografia, principalmente da etnografia constitutiva, com foi apontado por Hugh Mehan. “Os estudos da etnografia constitutiva funcionam a partir da hipótese interacionista segundo a qual as estruturas sociais são construções sociais” (Coulon, 1995. p. 86). Os fatos sociais são construções práticas, portanto   como a estruturação se dá a partir das expressões, dos gestos e das ações dos participantes (Hammersley, M. y Atkinson, P. 1994).
                     Os etnometodólogos também fazem uso de métodos empregados por outras          
sociologias qualitativas, em que os instrumentos para coleta de material empírico são: observação direta, observação participante, diálogos, gravações em vídeo, projeção do material gravado para os próprios autores, gravações dos comentários feitos no decorrer dessas projeções, entre outros (COULON, 1995).
A descrição é um dos focos da etnometodologia, já que este campo tem o objetivo de revelar as formas executadas pelos membros de um determinado grupo que visam – pré-reflexivamente – organizar a vida social comum. Então, o primeiro exercício é descrever o que os membros daquele grupo fazem. A proposta é fazer o que os etnógrafos fazem ao encontrar as formas para estar no local certo, onde podem ouvir, ver, e desenvolver no decorrer da pesquisa entre o pesquisador e os sujeitos que serão estudados; e, por fim, fazer muitas perguntas.
Faz-se necessário, portanto, tomar algumas precauções sobre os métodos de coleta de informações, pois os métodos não devem criar obstáculos ou interferirem de forma à deformas as informações obtidas na pesquisa, visto que estas informações reais transmitidas ao pesquisador através das entrevistas devem ser priorizadas.
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A etnometodologia e os estudos de trabalho

Esse campo de estudos da etnometodologia se originou a partir de um desdobramento da clássica sociologia das ocupações. Trabalho aqui é utilizado com o significado de uma atividade ocupacional. As primeiras pesquisas foram feitas ao estudar o cotidiano das atividades de cientistas físicos e matemáticos. (por exemplo, Garfinkel, Lynch & Livingston, 1981; livingston, 1986; Lynch, 1982, 1985a, 1985b;
Lynch, livingston & Garfinkel, 1983 in Heritage, 1999).
Estes novos estudos se diferenciam dos estudos anteriores por se concentrarem nos conhecimentos socialmente adquiridos utilizados pelos membros destas comunidades de cientistas para compreenderam as suas ações ocupacionais ordinárias. O principal objetivo é questionar em que consiste uma atividade ocupacional. (Heritage, 1999). E a forma de chegar até a resposta é procurar compreender quais são as ações que tonam estas atividades significativas.

Os cientistas sociais devem ser capazes de descrever as práticas que não características importantes no que concerne a uma ocupação ou atividade. E isso, por sua vez, significa levantar a questão daquilo que Garfinkel chama de “quilidade” das práticas sociais: em que consiste exatamente o trabalho competente nas ciências biológicas (cf. Lynch, 1885), o que é demonstrar um teorema matemático (Linvingston, 1986) ou tocar algo que é reconhecível como jazz (Sudnow, 1978). (HERITAGE, 1999, p.377).

Uma análise como essa só pode ser realizada através de dados empíricos, devido as formas de configurações ímpares das atividades profissionais e ocupacionais em determinados contextos divergirem de outras realizadas em outros contextos. Já foi reforçado aqui que na etnometodologia o contexto é um dos elementos de grande importância para a compreensão dos fenômenos sociais e das formas pelas quais os indivíduos interagem, interpretam e modificam a realidade através das experiências do cotidiano, principalmente no método documental.
O primeiro passo é procurar entender como os profissionais se reconhecem como pertencentes a um conjunto de atividades e conhecimentos são utilizados concretamente nas ações cotidianas de uma determinada ocupação.
No entanto, os problemas metodológicos nos estudos do trabalho são bastante complexos, visto que os objetivos vão desde descrever e compreender os sentidos das ações e os usos dos conhecimentos de uma determinada ocupação que em conjunto fazem com que um determinado se reconheça como membro de um grupo ocupacional/profissional até procurar estratégias de descrever as unidades e segmentos.
Os métodos para se realizar um estudo etnometodológico sobre o trabalho são bastante amplos, entre eles estão as técnicas etnográficas, análise do discurso e análise crítica do discurso, análises de conversação e de textos e outros. Essa pluralidade compreende a vastidão das formas em que determinadas os conhecimentos dos domínios ocupacionais podem se mostrar. (Heritage, 1999).

Conclusões

De acordo com o que foi desenvolvido no decorrer do texto, podemos compreender que a etnometodologia foi desenvolvida por Garfinkel numa época muito anterior ao movimento de questionamento da abordagem funcionalistaestruturalista. Inclusive a proposta da etnometodologia era criticar as formas que os estudos sociais analisavam os fatos sociais, que eram vistos como elementos que modelavam a sociedade de acordo com um determinado sistema normativo, mas que existiam numa dimensão tão distante da realidade cotidiana que eram praticamente inalcançáveis.
Garfinkel propôs uma metodologia que baseadas nas influências das fontes que se debruçou – a fenomenologia, o pragmatismo americano do século XX, da psicolinguística e dos escritos de Alfred Schütz – revelar que o paradigma positivista não estava errado na utilização de seus métodos, mas, sim, nos seus pressupostos.
Para Garfinkel os fatos sociais são construídos e reconstruídos na vida cotidiana, onde os sujeitos de um determinado grupo se identificar como tal por causa de uma acumulação social do conhecimento que é internalizada e não é questionada no dia a dia (o senso comum) e também através da aprendizagem da língua utilizada para interpretar, compreender e modificar a realidade social. Contudo estes fatos consolidados não são fixos, eles compreendem a uma tentativa de ordenar uma variedade de elementos aleatórios que são apreendidos cotidianamente pela consciência e tornam possível a comunicação e a identificação dentro dos membros de um grupo; quando elementos diferentes surgem e perturbam uma determinada realidade social contextual é provável que sejam feitas avaliações pelos sujeitos que podem ou não criar transformações em toda estrutura de interpretação, mudando assim as formas de compreensão de significados e atualizando os significantes.
Foi exposto que os sujeitos na vida cotidiana não são estimulados a duvidar da realidade das coisas que se apresentam a consciência, sendo essa a matéria prima para a pesquisa etnográfica. Um dos primeiros passos na pesquisa é causar uma ruptura na ordem, fazendo com que os indivíduos reflitam sobre suas ações pré-refletidas e procurando descrever as reações e as possíveis interpretações que os indivíduos darão este novo momento.
As técnicas de análise das ações através dos conceitos-chave – a prática, também chamada de realização; a indicialidade e o método documental; a reflexividade; a relatabilidade, também conhecida como accountability – formam marcos fundamentais que são aplicados no campo descrito como “estudos do trabalho”; porém as aplicações da etnometodologia não se enceram aí. Foram dados exemplos das pesquisas realizadas por Garfinkel que exemplificam os momentos de quebra de regras, de ruptura, com paciente através do jogo da velha; o exemplo dos alunos e dos conselheiros que inferiram sobre as tentativas dos alunos que conciliarem respostas dadas pelos conselheiros desconexas do campo de conhecimento internalizado no senso comum da relação entre os dois elementos.
Por fim, foi possível perceber que a etnometodologia se baseia numa epistemologia fundamentalmente construtivista (Schwandt,2006), pois oferece outros vias para a resolução dos problemas das objetividades dos problemas da realidade social prática, entendo os fenômenos sociais, os fatos, como elementos construídos por membros de um determinado grupo ou comunidade através de suas relações cotidianas.
Atualmente se discute a possibilidade de ampliação da etnometodologia através da identificação dos pontos em comum com correstes filosóficas e sociológicas que fundamentou a metodologia.

Referências bibliográficas

ARAÚJO, Paulo M. ETNOMETODOLOGIA: Consciência, linguagem e o fenômeno
da vida cotidiana. SINAIS – Revista eletrônica. Ciências Sociais; Vitória; CCHN,
UFES, Edição n.11, v.1, Junho, 2012.

COULON, A. Etnometodologia. Petrópolis: Vozes, 1995

GARFINKEL, H. Studies in ethnomethodology. New Jersey: Prentice Hall, 1967.

HERITAGE, J. Etnometodologia. In: GIDDENS, A.; TURNER, J. (Org.). Teoria social
hoje. São Paulo: Editora UNESP, p. 321-392, 1999.

HAMMERSLEY, M. y ATKINSON, P. (1994) Etnografía. Métodos de Investigación.
Barcelona: Paidós. (Caroline)
OLIVEIRA, S. A; MONTENEGRO, L.M. ETNOMETODOLOGIA: desvendando da
alquimia da vivência cotidiana. Cad. EBAPE.BR, v. 10, nº 1, artigo 7, Rio de Janeiro,
Março. 2012. p. 143-145.

SCHWANDT. Thomas A. (2006). ‘Três posturas epistemológicas para a investigação
qualitativa: interpretativismo, hermenêutica e construcionismo social’.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Tribunal Internacional Monsanto



Seguindo reações a uma postagem anterior*, que fora sugerida por terceiros, indico (abaixo) o link para o documentário completo de Marie-Monique Robin, ""Le Roundup face à ses Juges". O documentário registra, entre outras coisas, ações da sociedade civil organizada contra a empresa Monsanto. O documentário denuncia o uso de um agrotóxico, o Roundup, entre outros. 

Coincidentemente, durante os anos de realização da pesquisa que gerou esta página, existia uma denúncia de uso de agrotóxicos cancerígenos no campus da Universidade Federal Rural de Pernambuco**. A denúncia alegava, entre outras coisas, que a substância química glifosato, presente no Roundup, estava sendo utilizada na UFRPE.

Foi esse um dos motivos que justificou a realização de minha pesquisa sobre agrotóxicos e universidade durante os anos de 2015-2016.


O documentário foi indicado após a postagem anterior gerar incômodos por parecer tendenciosamente favorável ao agronegócio.

Por último, é preciso reiterar que o objetivo deste eixo temático de publicações decorre da pesquisa que realizei. Sendo assim, este eixo temático está aberto para reflexão crítica, permitindo que tanto "um lado" quanto o "outro" se manifeste, pois supomos que a informação exerce um papel fundamental na mudança de práticas sociais. Todavia, a escolha de lados, em última instância, é do leitor, leitora, não deste blog.



Link para o documentário: https://vimeo.com/273597550


* postagem anterior, publicado em 3 de julho de 2018https://form-acaoblog.blogspot.com/2018/07/campeao-em-longevidade-japao-usa-oito.html


** Notícia sobre a denúncia contra o uso de agrotóxicos na UFRPE (2014)http://contraosagrotoxicos.org/pesquisadores-da-ufrpe-denunciam-uso-de-agrotoxico-no-campus-recife/


terça-feira, 3 de julho de 2018

Campeão em longevidade, Japão usa oito vezes mais agroquímicos do que o Brasil



Seguindo a proposta de fornecer um "ringue" para o "alistamento" de defensores de "defensivos agrícolas" e inimigos dos "agrotóxicos", segue matéria publicada na Gazeta do Povo, na aba Mercado, no dia 1 de dezembro de 2017.

Segue link: https://www.gazetadopovo.com.br/agronegocio/mercado/campeao-em-longevidade-japao-usa-oito-vezes-mais-agroquimicos-do-que-o-brasil-dcxlf3wuo4aduzkar8sdih7bv

Comentário a cerca da matéria: a partir da teoria ator-rede (sociologia associativa) é possível analisar a matéria de maneira a destacar sociologicamente o que ocorre quando os dados das pesquisas mencionadas na matéria são apresentados.

1 - Alistamento: o primeiro movimento a ser notado é quais dados são escolhidos para compor as pesquisas e, também, a matéria?

a - UNESP.

b - FAO (mede o uso equilibrado de "agroquímicos" ou Quociente de Impacto Ambiental).

c - USP (pesquisadora fala sobre percepção das pessoas sobre o uso de "praguicídas".

c.2. A pesquisadora fala, também, sobre o o IDA - de Ingestão Diária Aceitável (ela informa que não existe risco 0, e que o consumo crônico que é o problema).

2 - Mudança de práticas/ações - De um ponto de vista pragmático, que realiza a análise a partir da ação, conforme teoria ator-rede - portanto não a estrutura -, é possível dizer que o alistamento realizado pela matéria constitui um possível meio de mudança de ações para um destino desejado. Em outras palavras: as mudanças "sociais" podem ocorrer conforme novos alistamentos ocorrem.

Por último, cabe lembrar que um dos objetivos deste blog é possibilitar esta reflexão crítica sobre um tema espinhoso para ambientalistas, movimentos sociais, ruralistas, cientistas sociais, agrônomos, agroecólogas e agroecólogos, trabalhadores e trabalhadoras rurais etc.



Duas religiões econômicas no comércio

 - Terminei. Vamos? - Diz minha pequena. - Posso ir ao banheiro? - Diz minha segunda pequena. Alguns minutos depois, caminhamos sobre o asfa...