Explicando alguns termos a partir do pragmatismo
De
acordo com um famoso filósofo e psicólogo norte-americano (William James),
existe uma relação entre percepção e experiência. Em poucas palavras: “vemos as
coisas de nosso jeito e isso é diferente do modo como outra pessoa enxergaria o
assunto”.
Mas vamos
adicionar outro pensamento a isso. Uma antropóloga britânica pesquisou (Mary
Douglas) etnias africanas e temas religiosos. A partir disso, chegou à
conclusão que a nossa percepção está moldada pelos “ritos” (chamo-os de “rotina”).
Ou seja: agora é a experiência comum – àquelas de grupos - das pessoas que as
faz enxergar e perceber as coisas de maneira semelhantes.
Cada pessoa,
todavia, vive inúmeras experiências em suas vidas e, muitas vezes, ao mesmo
tempo! Além disso, a própria intenção e os valores morais das pessoas parece
condicionar o modo como elas chegam a um entendimento. Um filósofo alemão
(Arthur Schopenhauer) dizia que nossa vontade e nossas emoções afetam até mesmo
como percebemos a realidade e como lidamos com ela.
Parece, então,
que chegamos a um problema – como não chegar à conclusão que “tudo se torna
opinião de cada um e cada uma” e como não cair no erro de achar que “quem tem
mais experiência sabe mais’ sobre a ‘verdade’”?
A resposta é
bem simples: sua opinião precisa ser testada! E ela deve resistir às “provações”
– quem diz isso é um filósofo e antropólogo francês (Bruno Latour). Então, se
você perguntar para um estudante de antropologia ou sociologia o que é NATURALIZAÇÃO, por exemplo, ele ou ela
responderão mais ou menos da seguinte maneira: é um fenômeno ou uma coisa que
acontece quando alguém tem uma opinião invariável sobre um comportamento e o justifica a partir de uma alguma ideia que
classifica algo como normal ou inevitável, como se não dependesse de outros
fatores. Por exemplo: “a desigualdade ou diferença entre ricos e pobres,
supostamente, é uma coisa NATURAL, porque sempre foi assim e sempre será”.
Diário de Pernambuco,1850, 20 (1).* |
É aqui que
amarramos o texto! Diferentes grupos possuem diferentes percepções e, em alguma
medida, você encontra diferentes experiências, mas certas semelhanças nas
percepções e opiniões conforme você sai de uma discussão sobre “lugar de fala”
e “gênero” e passa para um grupo discutindo sobre “Lula Livre” e “Bolsominion”.
No caso do LUGAR DE FALA, por exemplo, também encontramos outros termos
associados, como “PROTAGONISMO”, privilégio epistêmico etc. Mas estamos sempre
falando do que já se falou antes – percepção e experiência -, mas agora estamos
produzindo novos sentidos e mudando as coisas.
Em conclusão, não estou direcionando as coisas
para dizer que as experiências individuais são superiores ou inferiores. Ou que
as opiniões “são de cada um” e o que conta é que “cada um tem a sua”. Estou apontando
para como nossa própria percepção é moldada. Chamo atenção para a diferença
entre fatos e opiniões. Chamo atenção para o singular, o único na experiência.
Mas também chamo atenção para não essencializar (não generalizar) demais e
classificar sempre a experiência do outro como “de grupo” e a nossa como a
correta; nem também achar que a experiência individual supera a capacidade
analítica de uma pesquisa – não se trata de comparar experiência individual com
meses ou anos de pesquisa.
* Fonte: Hemeroteca Digital do Brasil: http://memoria.bn.br/DocReader/029033_03/115
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