Fazer de conta
que não sabemos de algo, ou que algo não está acontecendo, ou ainda, ao invés
de minimizar, decidimos contestar e, também, utilizar um acontecimento para
atacar a oposição. É isso que está acontecendo constantemente: seja pelo
representante do Executivo; seja por seu ministro do Meio Ambiente; seja pelas
pessoas que defendem o governo – como o cúmulo mais recente, do carinha que
contestava os dados da Nasa, falseando-os.
Na
filosofia existe uma teoria da ignorância (agnoiology), desenvolvida por um
filósofo chamado Frederick Ferrier. Tal teoria tem sido utilizada por um
antropólogo chamado Roy Dilley, da Universidade de St Andrews, na Escócia.
Podemos tentar compreender as práticas políticas, justamente, por meio dessas
abordagens. A pergunta seria: quais são as implicações de práticas relacionadas
à construção da ignorância? É preciso dizer que a ignorância pressupõe uma
relação com o conhecimento. Como fica então o conhecimento?
Num
recente debate entre Salles (Ministro do Meio Ambiente), com antigo diretor do
INPE, Ricardo Galvão, foi possível observar algo que está acontecendo há muito e em vários ministérios: o aparelhamento militar e “anti-ideológico”. Em
certo momento da conversa, Salles diz que o INPE e seus dados são veículos de
interesses ideológicos. O governo, por sua vez, em abril deste ano, fez o mesmo
quando indicou Salles para o cargo: o objetivo era desideologizar o órgão.
Resultado?
Se o conhecimento e a ignorância são relacionais, então o conhecimento está,
com efeito, associado a escolhas morais – o que não é novidade. A novidade é a
articulação da ignorância – como má fé, não como desconhecimento involuntário - como
um projeto de governo. Não é de se surpreender, por fim, que a ciência como um
todo esteja sendo atacada e, por conseguinte, às universidades estejam sendo
sucateadas. Se existiu Uma Ponte Para o Futuro; me pergunto se, como na série
Dark, não estamos em Uma Ponte Para o Passado, ao mesmo tempo
. Imagens de Internet. |
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