Nesse breve escrito, divido algumas conclusões de minha imersão na antropologia. Isto é: compartilho um efeito gerado em mim pelas leituras de textos de antropologia ao mesmo tempo em que analiso como as salas de aula e os livros nos ajudam a perceber coisas que antes não percebíamos e que mexem com nossas experiências e percepções pessoais.
Recentemente, num esforço, li um capítulo de “O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota” (Olavo de Carvalho). Fiquei pensando: será que ele já leu algum clássico em sociologia, história ou antropologia? Segundo, sua retórica ou argumentação cruza o céu e a terra em um parágrafo, concluindo em como devemos nos comportar “para não sermos idiotas”. Não se encontra isso em um bom clássico de ciências sociais.
Nesses próximos 15 minutos desejo apenas dizer que a percepção de Olavo, assim como a minha ou a sua, pode ser transformada. E isso não significa doutrinada. Por acaso estudar matemática ou astronomia é ser doutrinado? Estudar biologia tampouco. Por que estudar ciências sociais e história seria? O que importa é compreender como cada área científica nos enriquece com uma maneira de perceber a realidade. Porém, tal maneira de percebê-la não significa reproduzir textos de maneira religiosa, afinal, não estamos pregando.
Luis Dumont, um célebre antropólogo francês, criou um conceito chamado de apercepção. Basicamente, dizia que na sociedade moderna, de indivíduos, a sociologia poderia demonstrar como nossa individualidade, na verdade, seria resultado de uma configuração específica de nossa sociedade “moderna”; pois em outras civilizações, como a indiana, seria a coletividade que estaria em questão. Ou seja: ter consciência dessa relação entre nós e a sociedade seria uma apercepção sociológica.
A antropóloga Mary Douglas, estudando outros povos, dizia que nossa percepção tinha relação com nossas experiências e com os rituais (chamo rotinas) em que a sociedade em questão participa. Ela também diz que nossa percepção da realidade é seletiva, pois temos certa configuração perceptiva
que selecionaria uma forma de perceber certas coisas e deixaria outras coisas de lado.Simetria e autonomia, GB 2019 |
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