terça-feira, 13 de abril de 2021

Feminismo, América Latina e Teoria Ator-rede

 

O post de hoje é sobre “como Latour” e a TAR são utilizados por autores/as da América Latina.

 

            Não vou fazer um texto “ABNT”. Serei direto. Abordagens feministas e pós-colonialistas costumam ler Latour e a teoria do ator-rede (TAR ou ANT) de dois modos:

 

1 – o seu livro mais famoso, Jamais fomos modernos: ensaios de antropologia simétrica (1991), é “comprado” para ser “usado” a favor do discurso anti-moderno (anti colonial).

 

2 – Latour é lido como um “europeu” e, portanto, a teoria crítica o denuncia como “branco-hétero-cis-macho-europeu” e, por isso, a TAR também é excluída.

 

            A minha intenção, contudo, é não cair em nenhuma dessas alternativas. Não porque estejam erradas ou não sejam “verdadeiras”, mas sim porque acho que podemos ser mais do que aquilo que lemos e do que “compramos” (leia-se, TAR).

Em segundo lugar, com o desenvolvimento dos meios de comunicação e internet, passou a época de apenas “consumir” o que vem do exterior, seja da Europa, da África ou América Latina, por exemplo.

Podemos “comprar” teorias de onde quisermos. Mas podemos “consumir” elas para produzir e “exportar” teorias também. Continuamos “importando” Marx, Latour, Beauvoir, basicamente, suspeito, por recalque: “santo de casa não faz [fazia] milagre”.

Agora “santo de casa faz milagre sim”! É por isso que teorias decoloniais, por exemplo, na antropologia, defendem um Ailton Krenak, com sua “ontologia” e Lélia Gonzales e sua “epistemologia negra”.

É por isso que Isabelle Stengers, na filosofia, defende o neopaganismo americano e toda sua “ontologia”. Sim, estamos além do “paradigma epistemológico”: “By, by Comte-Durkheim-Weber-Marx”

Existe um diálogo interessante entre feminismo, América Latina e filosofia da ciência, que dialoga com a TAR e com Latour. Uma filósofa famosa da década de 1980 é Donna Haraway, entre outras, que usa o conceito de “ciborgue” para pensar além de gênero.

Já na América Latina, um nome que faz essa ponte é Hebe Vessuri, da Argentina. Mas não tô aqui citando todo mundo... A ideia é dizer que esses usos da TAR são exatamente isso: usos.

Você, como pretende usar a TAR?

 

 

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