domingo, 31 de maio de 2020

Com quem você fala quando tá postando?

 

Um

            Eu falo, agora, com as pessoas que postam indignação e lembro de Gaby Amarantos perguntando ao Mario Sergio Cortella sobre o assunto (“as pessoas falam e se indignam nas redes, mostram, mas não fazem nada pra mudar a realidade”). Sergio disse que é o hábito de hoje, fazer questão de mostrar sua indignação, mas nada fazer pra mudar isso.

 

Dois

            Eu não preciso tá postando texto pra mostrar pra “seu” ninguém (pessoas que cobram posicionamento) pra dizer que estou indignado. Acho que admiro mais as pessoas que “pegam as rédeas da sua vida “, como se pega um cavalo que descontrolado ou um carro desgovernado, e os colocam na pista, sob controle, do que as revoltadas pessoas. [Sartre, filósofo, diria: "o que você faz com o que a sociedade fez de vocês"; Simone de Beaouvir diria "não nascemos mulher, nos tornamos", e acrescentaria: "o sentido de ser mulher é uma coisa "da mulher", não um "destino" ditado pelos "homens"].

 

Três

            Você não precisa concordar comigo (você, a pessoa que lê, que pode ser revoltada). E esse é o ponto. Mas quem são as pessoas indignadas mesmo? São, no caso ao qual me refiro, pessoas que dizem ser de esquerda ou de direita, mas também do “centrão” (e eleitores/as de Ciro – que normalmente tão nesse “centrão” e odeiam o PT tanto ou mais que quem elegeu Bolsonaro).

 

Conclusão

            Estou seguindo um conselho de uma namorada: só “tô” sendo, no uso de redes sociais, eu mesmo. Por isso, não tô querendo te criticar, bença, tô querendo dizer que “eu mesmo” decidi mudar a mim mesmo e parar de tá falando "bobagem"[tirei "merda", então indiretamente dialoguei com a Monja Coen] quando me perguntam: "o que tu acha disso" e eu respondia, "acho que a galera que assistiu isso tá fazendo alvoroço demais" ["O poço" e "Bacurau", por exemplo] (eu não perguntei a tu o q “a galera” achou; perguntei o que “você achou do filme”, diria meu amigo imaginário). Quis parar de “falar duzôto'”, mas sempre que falamos estamos falando “indiretamente” com alguém [ou com Deus, ou eu interior, ou os astros, ou com a Natureza, ou com o "coração" - pra quem tem essas "conversas"]; porém, não significa que precisamos mostrar “indignação” pra “seu ninguém” se não quisermos e, ao contrário, quisermos apenas decidir “o rumo da nossa vida” (um sogro diria “dôa a quem doer”; um amigo poeta, autor de O Apogeu da Insignificância e Manicomicidade, o Acionildo Silva, diria: “dane-se”. [Kkkk]

 

PS.: Esse texto explica, como exemplo, o que Deleuze e Gatarri (filosofia e psicanálise) querem dizer com a ideia de que, linguisticamente, todo discurso é indireto (fui claro, Pitwill?)


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