segunda-feira, 30 de setembro de 2019

WILLIAM JAMES, A CONSTRUÇÃO DA EXPERIÊNCIA


Inicio aqui outra modalidade de postagem do meu blog. Agora, passo a comentar ou resenhar alguns livros na medida em que os leio. O primeiro livro desta linha de postagens é “William James, a construção da experiência”, de David Lapoujade, lançado pela editora M-1 Edições, 2017.


Gostaria de iniciar dizendo que Lapoujade é um especialista em filosofia anglo-francesa. Além disso, foi discípulo de ninguém menos que Gilles Deuleuze. É preciso lembrar que Deleuze é foi um dos principais filósofos contemporâneos e, por exemplo, na Antropologia de fins da década de 1990 em diante, exerceu bastante influência na chamada “virada ontológica”. Basicamente, nas últimas duas ou três décadas na antropologia “pós-pós-modernidade”, estamos assistindo a uma oxigenação nos debates antropológicos sobre a relevância de temas “pós-culturais” e pós-representacionais.

No que tange o livro em si, queria apenas dar um tom mais geral, não muito detido ao seu conteúdo. Por pragmatismo, em William James, Lapoujade fala de um método muito mais do que uma teoria em si. Esse método, todavia, está para além da filosofia e da psicologia. No livro, ao se aproximar de uma concepção de social e de sociedade baseada no pensamento de Gabriel Tarde, e não da sociologia clássica, de Émile Durkheim, Lapoujade demonstra as afinidades de pensamento entre Tarde e James.

Uma coisa é fundamental para se destacar: enquanto Deleuze fala de “rizomas” e “fluxos” como uma metáfora para as relações sociais entre “seres” humanos e não humanos. Mas esse pensamento, em geral, já estava presente nos “fluxos” em James e nas ideias sociológicas de G. Tarde. Neste sentido, o livro nos traz uma noção de “fluxos” de coisas que acontecem de maneira plural e criativa. Assim, a atenção não recai para o externo aos indivíduos, por exemplo, mas sim para a capacidade de eles e elas criaram o novo.

Por outro lado, James aparece como alguém que relaciona esse pensamento sobre fluxos de ideias e de conhecimento, por exemplo, para explicar a relação entre crença e confiança. Ao fazê-lo, ele diz que o pragmatismo então é um método para avaliar boas e más filosofias (e outras formas de pensamento, como a experiência religiosa). Por isso, terminando o livro falando de “comunidades de pensamento”, Lapoujade nos traz um William James que nos ajuda a “ter esperança” e “confiar” na possibilidade de se criar um mundo melhor a partir de diferentes “comunidades de pensamento”. Ou, dito de outro modo, ainda podemos ter confiança e fé em um mundo melhor.



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