INTRODUÇÃO
Este trabalho resulta de um ano de pesquisa
sobre a adesão de teorias em universidades, cujo foco era a adesão dos estudos
pós-coloniais no Recife. Mais especificamente, visava verificar se existia
adesão desses estudos nos chamados estudos de gênero. Desse modo, pretendia
responder a seguinte pergunta: como os estudos pós-coloniais chegaram e se
estabeleceram nas universidades federais de Pernambuco e existe relação com
estudos de gênero?
Julgamos, a princípio, como relevante
o estudo de tais temáticas, porque os estudos pós-coloniais desde a década de
1980 (BARBOSA, 2010; COSTA, 2006; DIRLIK, 1997) vem se desenvolvendo no
restante do mundo e parecem estar chegando às terras brasileiras recentemente.
Conforme se percebe com a criação de grupos de estudo sobre o assunto nas
universidades federais pernambucanas (UFPE-sede); além de ter ganho um revista
cujo objetivo seria o de divulgar e acumular pensamentos e idéias pós-coloniais[1].
Nesse sentido, nossos primeiros
passos durante o ano de 2014 foram os de começar a pesquisa bibliográfica sobre
os trabalhos ditos pós-coloniais e os de gênero. No intuito de sabermos com que
objeto estávamos lidando e, assim, poder coletar dados mais precisos sobre o
que realmente representariam os estudos pós-coloniais. O que, por sua vez,
permitiria, supúnhamos, contribuir para elencar Pernambuco no debate
internacional sobre tais estudos.
Podemos então, brevemente, saber com
que objeto de estudo estamos lidando a partir de os parágrafos seguintes.
Todavia, é importante ressaltar que, em fins da pesquisa, mudamos a abordagem
teórico-metodológica inicial e escolhemos trabalhar com a Teoria do Ator-Rede
de Bruno Latour (2000; 2008). Dessa forma, apresentaremos uma introdução breve
sobre nossa abordagem, após situarmos os objetos de nossa pesquisa conforme
revisão bibliográfica (abaixo).
Estudos de gênero
Os chamados estudos de gênero só se
desenvolveram a partir da segunda metade do século XX, à guisa de trabalhos seminais
como o da antropóloga Gayle Rubin (1975), (Cf. HAMLIN, 2011). No Brasil, foi
apenas em fins da década de 1980 que o importante artigo da historiadora Joan
Scott gênero uma categoria útil de
análise histórica (1995), foi difundido (SAFFIOTH, 2005).
A época da Guerra Fria esconde um
elemento muito curioso: o de que as mulheres (se é que esse termo se estabilize
em algum significado) tiveram maior acesso ao Ensino Superior nesse período sem,
contudo, alcançarem a mesma expressividade que detiveram no período em que os
“homens” partiram para as Grandes Guerras (SHIENBINGER, 2001). Ou seja, se
olharmos para o período que vai da Primeira Grande Guerra ao pós-guerra,
verificaremos, ainda segundo Shienbinger (2001), que o número de mulheres que
entraram em universidades foi diferente de acordo com os períodos analisados.
Dessa maneira, quando do período das guerras, enquanto milhões de homens
partiam para outros países para os conflitos, as universidades “abriram” as
portas para mulheres. Quando estes voltaram (ou parte deles) o próprio governo
norte-americano financiou, por meio de programas e incentivos financeiros (op. cit.) o retorno de homens para as
universidades. Somente, então, no período da Guerra-Fria, é que as mulheres
voltaram a ocupar mais vagas em universidades. É válido ressaltar, por outro
lado, que o termo gênero não surge por influência de grupos feministas. Pelo
contrário, o termo surge dentro de laboratórios que pouco ou nada tinham a ver
com questões sobre “desigualdade entre homens e mulheres”. Em outras palavras,
a “fermentação” ou adesão ao estudos de gênero poderia ter alguma relação (que
não investigamos) com o desenvolvimento de lutas feministas fora das
universidades[2].
O termo gênero, apesar de representar um avanço e, até os dias de hoje,
ser amplamente utilizado, recebeu críticas por se contrapor, em certa medida e,
de acordo com alguns/algumas autores/as (AGUIAR, 2000; SAFFIOTI, 2005; etc.) ao
conceito de patriarcado.
A partir da década de 1980, com o
desenvolvimento de teorias do discurso e da corrente pós-estruturalista,
segundo Hamlin (2011), tanto a construção social/cultural do sujeito mulher,
tanto a diferença entre biológico e social – respectivamente sexo/gênero –,
passou a ser criticada. No primeiro caso, a crítica partiu da ideia de que a
universalidade de uma identidade de um sujeito mulher obscureceria diferenças
de opressões e a heterogeneidade de formas de “se ser mulher”; no segundo, fora
contraposta à estabilidade de um vínculo entre o sistema sexo-gênero a ideia de
que não existiria uma relação direta entre tais termos, o que permitiria pensar
o gênero como “flutuante”, a despeito do corpo “biológico”. O que se valoriza a
partir daí, é a ideia de performance (ao
menos entre os/as pós-estruturalistas). Ideia essa que coloca tanto a apreensão
do que se entende por sexo, tanto o que se entende por gênero, como derivadas
de práticas cultural/corporais (HAMLIN, 2011).
Por fim, pode-se dizer que os
estudos de gênero, seja em sua vertente inicial na qual o gênero é vinculado ao
sexo (RUBIN, 1993), seja em sua versão pós-estruturalista, na qual o gênero e o
sexo são compreendidos por meio da ideia de atos performativos (HAMLIN, 2011;
BUTLER, 2008, 2011), se opuseram a ideia de um sujeito natural, que herdaria
atributos em “essência” e biológicos. Portanto, a noção de que a cultura e o
social se opõem ao discurso natural – essencialista/naturalizante – valorizando
a contingencia e a diversidade cultural – socializante – dos “indivíduos”, que
resultou em uma mudança nas abordagens e práticas científicas e políticas sobre
os estudos sobre as “desigualdades entre homens e mulheres”.
Estudos pós-coloniais
Os chamados estudos pós-coloniais
dialogam ou são influenciados, em grande medida, pelo desenvolvimento dos
“estudos subalternos, pelo feminismo, pelo afrocentrismo etc...” (BARBOSA,
2010, p. 57). O que acaba por situar os estudos pós-coloniais dentro de uma
ampla tradição crítica em teoria social. No entanto, tais estudos também já
foram alvo de crítica. Correntes feministas, por exemplo, afirmam que os
estudos pós-coloniais não são novidade, em relação a questão da “colonialidade
do poder”. Isto é, para Curiel (2003), tal conceito é uma teoria que tem sua
razão de ser a partir de lutas “concretas” que se desenvolveram em meados do
século passado, como o aparthaid na
África, as lutas nos EUA contra a segregação racial e, também, pelas
reivindicações de um feminismo protagonizado por mulheres negras[3].
O argumento acima vai de encontro
com a pesada crítica proferida ainda na década de 1990, pelo historiador turco,
Arif Dirlik (1997), que afirma serem os estudos pós-coloniais, na verdade, uma
ideologia que ofusca os verdadeiros motivos de seu sucesso contemporâneo: são
resultado, segundo ele, justamente da divisão internacional do trabalho sob o
capitalismo e, por isso, não são sua crítica ou seu antípoda, mas sim sua
“aura”. Dessa maneira, para este historiador, os teóricos pós-coloniais estão a
prestar um desserviço para o combate à hegemonia capitalista, já que se
concentram em dissolver ideias “totalizadoras”, dando ênfase à subjetividade,
identidade e aos indivíduos. Esquecem-se dos problemas materiais que estruturam
tais relações e que viabilizam ou não o surgimento de teorias acadêmicas.
Em Desprovincializando a Sociologia: A contribuição pós-colonial,
Sergio Costa (2006) afirma que tanto estruturalistas quanto pós-estruturalistas,
ignoraram o fato de que o conhecimento sempre parte de algum lugar. Isto é:
todo conhecimento parte de um lugar de enunciação (no sentido literal de
enunciar, emitir). Por isso, tais abordagens não percebiam que ter um lugar de
enunciação pressupõe uma lógica dependente de um centro, a partir do qual se
enuncia (aqui, o conhecimento científico) e, por conseguinte, surge uma
periferia que, acaba negligenciada.
É nesse sentido que a crítica e
teórica indiana, Gayatri Chakravorty Spivak, sustenta que na medida em que
mesmo críticos como Foucault e Deleuze, ao defenderem a crítica a um sujeito
Soberano, acabaram inaugurando um Sujeito (SPIVAK, 2010). Ou seja, a crítica
dos dois autores mencionados, ignora sua própria determinação geopolítica.
Assim como foi dito por Costa (2006) em relação a estruturalistas e
pós-estruturalistas. Do que decorre, basicamente, que os aqui criticados
ignoram o papel do intelectual na divisão internacional do trabalho (SPIVAK,
2010).
Por último, basicamente, é também lugar
comum na crítica pós-colonial afirmar que existe uma relação de poder no
próprio conhecimento científico. Que mesmo depois das libertações e
independências de países antes coloniais, sobrevivera uma forma de dominação
muito mais sofisticada que a anterior, pois não está presente mais pela força,
mas por meio de classificação hierárquica de conhecimento, pessoas e espaços. A
saber, a ideia de uma “colonialidade” do poder (QUIJANO, 2005).
Os estudos pós-coloniais são muito
mais complexos e ricos do que o que estamos aqui apresentando, mas a nível
introdutório e, mais importante, por questões de espaço também, encerraremos
esta secção e apresentaremos a Teoria do Ator-Rede, já que será a partir dela
que analisamos nosso objeto de pesquisa.
Teoria do Ator-Rede
Segundo o filósofo Fréderic
Vandemberghe (2006), a filiação em que se pode situar o pensamento de Bruno
Latour, um dos mais importantes pensadores dessa corrente, pode ser rastreada a
partir da teoria da sociologia pragmática, de uma herança nietzscheana e,
também, de uma preocupação com a questão da possibilidade da ordem social
hobbesiana. Além disso, também é possível dizer que Latour (1994; 2000; 2008)
está situado dentro do debate sobre agencia/estrutura (CAMILLES, BUSSULAR &
ANTONELLO, 2013).
Bruno Latour (1994; 2000; 2008),
sustentamos, está tentando redefinir as ciências sociais e a sociologia.
Segundo ele, essas áreas do saber não estão dissociadas das ciências da
natureza. Na verdade, diz ele, esse é o grande problema: nem o social explica
nada, nem a natureza esconde explicações. Tudo é construído provisoriamente
tanto pela sociedade, tanto pela natureza. Em outras palavras as “coisas” da
natureza (objeto-não-humanos) participam da sociedade (sujeito-humanos) e
vice-versa (LATOUR, 1994). Assim, nunca podemos dizer que algo é resultado de
“construção social” ou que são resultado da natureza – como descobertas em
laboratórios de cientistas e engenheiros.
Com isso, Latour (2000) diz que
temos que seguir a ciência em ação, como um antropólogo segue os nativos de outros
povos e descreve suas culturas. Dessa maneira, se torna possível entender as
associações que ocorrem entre humanos e não-humanos que mantém o social
provisoriamente ordenado. Dito de outro modo: não existe um social anterior à
observação que explique as ações, como ocorreria por meio do estruturalismo (LATOUR,2008),
mas também não existe uma Natureza anterior a sua própria criação artificial no
laboratório. Por isso, a sociologia deve ser re-fundada, passando a ser uma
sociologia das associações (LATOUR, 2012; VANDEMBERGHE, 2006).
O trabalho do pesquisador passa a
ser o de observar e descrever o que os humanos e os não-humanos estão fazendo e
até onde se estende a rede que os relaciona (LATOUR, 2012). Isso determinará
até onde um fato fabricado pelos cientistas se estende (IDEM, 2000). Esses
humanos e não humanos podem ser tanto, de fato, pessoas quanto objetos, são
coisas (moléculas, micróbios, diesel, vento, softwares etc.,). Não cabe mais
dar explicações e interpretar a ação dos atores. Mas sim, dar voz a eles. Mas
como isso é possível? Apenas quando os porta-vozes dos humanos e dos
não-humanos falam por eles. Ou seja, cientistas podem falar por suas bactérias,
enquanto os sociólogos falam pelos trabalhadores, oprimidos, por exemplo.
Latour chama os humanos e os
não-humanos que precisam de um representante ou tradutor (porta-voz) que fale
em seu nome, de actantes (1994; 2000;
2001; 2008). Com isso, pretende dizer que os actantes também estão atuando
tanto quanto os humanos nas associações e, sem eles, seria impossível existir
associações que resultassem em relativos ordenamentos dos “coletivos”.
“Coletivos”, por sua vez, é uma
expressão utilizada para se opor à separação “natureza-cultura” e ao uso do
termo “sociedade” (LATOUR, 1994). Se não existe uma sociedade, o que restam são
coletivos parte natureza, parte cultura, vinculados em redes sociotécnicas
(1994; 2008). Isto é, são as associações entre ciência e técnica, que compõem
redes que também não deixam de ser sociais, por isso, sociotécnica (2000).
Por último, destacamos outra
palavra-chave fundamental no jargão latouriano – caixa-preta. Quando se inicia
uma discordância sobre um fato, ou umacontrovérsia
científica – sobre a invenção do motor a diesel, por exemplo, ou sobre se a
forma da molécula de DNA seria de dupla hélice[4]
– se reuniria pessoas, “recursos” e aliados (contra adversários) para se chegar
a um fato, artefato ou máquina científica. O grande segredo ou mistério para
nós, leigos, é que sempre recebemos a ciência pronta.Podemos até saber usar,
como o mais recente iphone ou notebook, ou uma Ferrari possante, mas
não fazemos ideia do caminho e dos conflitos que o fato ou a máquina tiveram
que passar até chegar a seu resultado final; ou em outras palavras, tornarem-se
caixas-pretas.
Por meio da Teoria do Ator-Rede que
estudamos a adesão aos estudos pós-coloniais e sua possível relação com os
estudos de gênero.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo
Geral
Analisar o grau de adesão das teorias pós-coloniais nos estudos de gênero nas universidades federais de Pernambuco.
Analisar o grau de adesão das teorias pós-coloniais nos estudos de gênero nas universidades federais de Pernambuco.
2.2. Objetivos
Específicos
·
Analisar e descrever
como as perspectivas teóricas pós-coloniais, na perspectiva de gênero, chegaram
e se desenvolveram nos cursos de Ciências Sociais da UFPE e UFRPE.
·
Considerar como a
teoria pós-colonial foi incorporada aos referencias teóricos na área de gênero
discutidos em cursos de graduação e pós-graduação a partir
da Sociologia e da Antropologia.
·
Analisar
quantitativamente e qualitativamente a produção bibliográfica de monografias,
dissertações e teses da UFPE e UFRPE cuja temática tenha como referencial
teórico os temas de pós-colonialismo e gênero;
·
Entrevistar docentes
que trabalham com tais temáticas nos âmbitos da graduação e pós-graduação;
· Analisar as contribuições pernambucanas para o debate internacional sobre
pós-colonialidade e gênero.
3. METODOLOGIA
Inicialmente escolhemos técnicas de
coleta de dados qualitativas, como análise documental, observação participante
e entrevistas. Dessa maneira, fizemos uma análise documental para catalogar a
produção das universidades sobre as temáticas de gênero e de pós-colonialidade.
Seguimos com observação participante em grupos de estudo, como o Curupiras UFPE-UFRPE, além do Grupo de
Leitura do Mal de Arquivo UFPE. Além disso, realizamos entrevistas com
docentes e discentes destes grupos no intuito de tentar captar os motivos que
os levavam a aderir a pós-colonialidade e se, também, viam a possibilidade de
relacionar tais temáticas.
Desse modo, a coleta de dados por
meio da entrevista semi-estruturada e da contextualização permitida por meio da
observação participante, registrada em caderno de campo e posteriormente
digitada, permitiu que o fenômeno estudado fosse compreendido em profundidade,
opondo-se ao uso de enquetes ou questionários (GOLDENBERG, 1999). Assim, a
entrevista semi-estruturada permitiu a vantagem de proporcionar uma coleta de
informação de maneira mais intensiva (THIOLLENT, 1987; ANGROSINO, 2009).
Uma das regras metodológicas
sugeridas por Bruno Latour em Ciência em
ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora (2000), é a de
chegar no campo quando os fatos ainda estão em construção. Ou seja, chegar
quando cientistas ainda estão trabalhando para avaliar o risco do consumo de
carne quando da ameaça da influenza aviária (HUBNER, 2014), por exemplo; ou,
quando engenheiros estão fabricando uma nova forma de injeção eletrônica para
motores de carros; ou ainda quando um novo software está sendo produzido para
ser implementado à votação eletrônica, etc. Chegamos no momento em que os
estudos pós-coloniais ainda estão se disseminando no campo observado.
Em outras palavras, seguir os
cientistas que estão por trás da adesão à pós-colonialidade nos permitiu
compreender sua denúncia que abriu uma controvérsia científica. A saber: esses
pesquisadores e pesquisadoras denunciam a ciência e a universidade afirmando
que estes campos estão contaminados pela “colonialidade do poder” (QUIJANO,
2005). Então seguimo-los universidade afora, em nossa pesquisa. Analisando os
dados que resultaram daí, de forma qualitativa (GOLDENBERG, 1999) mas sem “interpretar”
o que os atores dizem e fazem, mas antes, descrevendo o que foi visto (LATOUR,
2008).
4. RESULTADO
E DISCUSSÃO
Para discutirmos os resultados dos
dados obtidos, perguntamo-nos: de onde veio a caixa-preta? Isto é, os estudos
pós-coloniais chegaram de onde? Por quais mãos estão passando? Quem está
trabalhando com essa caixa-preta e o que estão fazendo com ela? Aludimos anteriormente à origem dos
estudos pós-coloniais e os estudos de gênero (vide Introdução). Resgatemos
então de onde vem a caixa-preta “estudos-pós-coloniais” de duas maneiras.
Primeiro, da literatura que tivemos acesso, depois, a partir das entrevistas.
Nosso propósito é seguir a caixa-preta e identificar os atores que estão
trabalhando na produção da caixa-preta.
[...] Iniciada por aqueles autores qualificados como
intelectuais da diáspora negra ou migratória [...] a perspectiva pós-colonial
teve, primeiro na crítica literária, sobretudo na Inglaterra e nos Estados
Unidos, a partir dos anos de 1980, suas áreas pioneiras de difusão. Depois
disso, expande-se geograficamente e para outras disciplinas, fazendo dos
trabalhos de autores como Homi Bhabha, Edward Said, Gayatri Chakravorty Spivak
ou Stuart Hall e Paul Gilroy referências recorrentes em outros países dentro e
fora da Europa. (COSTA, 2006, p. 1)
Já o historiador Muryatan S. Barbosa
acrescenta o seguinte: “as décadas de 1980-90, a crítica pós-colonial ganhou
amplitude e institucionalização em diversas partes do mundo, sobretudo nas
academias norte-americanas, européias (ocidentais) e indianas” (2010, p. 57).
Observar: Inglaterra, Estados Unidos; depois ou concomitantemente, Europa e
Índia.
Agora, observemos quantitativamente
o número de vezes que a palavra pós-colonialidade é citada no Google acadêmico,
como palavra-chave em dois idiomas: português e inglês. Esses dois idiomas foram utilizados, já que de acordo com os autores
acima, não foi em países de origem portuguesa, como o Brasil ou Portugal, que
tais estudos se desenvolveram. Vejamos então a partir de períodos de 10 anos,
de acordo com a década inicial que se diz que os estudos pós-coloniais se
difundiram (1980):
TABELA
1: Citações da palavra “pós-colonilidade” e “pos-coloniality” em três períodos
divididos por década (com excessão do terceiro período) realizada no Google Acadêmico.
PERÍODO
|
PORTGUÊS
|
INGLÊS
|
1980-1990
|
7
|
189
|
1991-2000
|
110
|
3,790
|
2001-2015
|
4,500
|
16,300
|
Em
gráfico, teremos a seguinte comparação:
TABELA
2: Gráfico comparativo por períodos em escala de 0 a 2000 citações em língua
portuguesa e inglesa.
Comparativamente, observar o gráfico
acima, atentando para o fato de que em países de língua portuguesa, apenas a
partir de 2001, que o número supera o período correspondente a dez anos atrás,
em relação a países de língua inglesa. Ou seja, em países como o Brasil, os
estudos pós-coloniais parecem só ter se desenvolvido a partir dos anos 2000.
Para esta pesquisa, realizamos uma
busca por teses e dissertações no banco de dados da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), encontramos 36 registros
apenas, de 2010 até 2015, quando a palavra pesquisada fora pós-colonialismo, 1
resultado quando procuramos por pós-colonialidade. Quando a pesquisa é refinada
e só se busca trabalhos na Universidade Federal de Pernambuco, nenhum trabalho é
encontrado.
Vamos então, ouvir o que dizem os
próprios cientistas que seguimos. No
intuito de saber como os atores envolvidos tiveram contato com os estudos
pós-coloniais. Nosso primeiro exemplo é o de um docente da UFPE.
Fiz minha graduação aqui em História, na UFPE; depois,
entre 2005 e 2007, eu fiz minha pós-graduação em Comunicação, também aqui na
UFPE e em 2008 e 2012, meu doutorado em sociologia lá na UFPB...
No mestrado [2005-2007] é que houve uma disciplina que
era Comunicação e cultura, que era uma disciplina oferecida por Angela Priston,
e fazia parte do conjunto de bibliografia dessa disciplina. Ela tinha tido uma
experiência de formação acho... o doutorado dela tinha sido na Inglaterra, em
Estudos Culturais...
No caso abaixo, uma doutoranda em
sociologia nos diz como teve seus primeiros contatos com os estudos
pós-coloniais.
O meu projeto não tinha nenhuma leitura de
pós-colonialidade, na verdade. Eu conhecia a pós-colonialidade, eu conhecia
essa perspectiva porque eu sou amiga de... A gente inclusive visitou ela,
quando ela tava lá, fazendo o doutorado dela em Coimbra [...] Agente trocava ideias,
a gente senta pra conversar, o que cada uma tá fazendo. E ela vinha com essa
perspectiva, com Boaventura, com tudo mais...
Quando eu [entro] no doutorado [2012], aí eu pago uma
disciplina com meu orientador, Paulo Henrique Martins, [...]. Onde é toda uma
leitura já nisso: pós-colonial. Aí foi, poxa, foi um encantamento. Ai eu disse
assim, “poxa, mas isso é muito, muito legal! Muito bacana”. E eu acho que isso
enriquecia muito a perspectiva que eu queria trabalhar no projeto. Entender,
inclusive, a biomedicina como um projeto colonial. Como uma colonialidade do
saber. Então tem algumas perspectivas nessas abordagens, em algumas abordagens
da pós-colonialidade, não só de gênero, mas também numa sociologia do
conhecimento, na pós-colonialidade do saber. A questão da paradigmática, da
medicina, e a medicina é um projeto colonial. É uma invenção que apesar de não
sair da biomedicina, é um monopólio do saber. Aí é por isso que entra,
inclusive, Boaventura, com a ecologia dos saberes e tudo mais.
Seguindo outra entrevistada, que
concluiu a graduação em São Paulo e que, atualmente, fazia parte do grupo
Curupiras e era aluna de mestrado UFRPE:
Minha graduação foram quatro anos, eu entrei em 2008 e
terminou em 2011[...] Assim, contato com os estudos pós-coloniais... eu não
tinha essa compreensão que era uma corrente teórica, né? Mas eu tive contato
com alguns autores [...] de expressão importante [...] pra teoria das
pós-colonialidades. Foi com um professor que trabalhava com economia solidária,
ele trabalhava muito com Boaventura...
Percebe-se, em todo caso, o papel
importante que os cientistas já formados (docentes) possuem ao passarem a
caixa-preta adiante. Não nos cabe interpretar o que eles estão dizendo sobre,
nem esboçar seus interesses. O que se observa é que cada ator envolvido tem
seus motivos para fazê-lo. Notável, também, é a presença do ilustre Boaventura
de Sousa Santos nas falas da maioria dos/as entrevistados/as.
Continuando, agora um aluno da
graduação em Ciências Sociais nos fala como teve contato com o assunto:
[...] foi com um amigo. Amigo aqui do curso. Inclusive
ele tá no mestrado em antropologia. [...]
Ele [...] já falava de autores. De pós-colonialidade. A partir daí eu
criei um interesse maior. Mas assim, dentro da academia, eu via poucas pessoas
falando sobre a pós-colonialidade. Agora, não sei se é porque eu to mais
próximo disso, mas eu vejo um pouco mais. Mas num primeiro momento eu não via
na academia não [...] foi, no final de 2014.
Unindo os números das tabelas acima,
mais as entrevistas, podemos concluir que se trata de uma nova caixa-preta a
circular pelas universidades federais de Pernambuco. Todavia, as qualidades
intrínsecas a ela, como orienta Latour (2000), não é o que buscamos saber, mas
sim tentamos seguir a produção dessa caixa-preta, nas mãos dos actantes
envolvidos atualmente em sua fabricação. Ao que par
ece, chegar aqui em
Pernambuco, Brasil, levou muito tempo desde sua criação no exterior. Ao chegar
aqui, todavia, está seguindo seu curso, como foi possível ver nos eventos e
reuniões cujo foco tem sido “estudos pós-coloniais”. Por isso, então seguimos
nossos cientistas pra saber onde eles estavam levando sua caixa-preta.
Durante a participação no Pré-ALAS,
na Mesa-Redonda sobre Gênero corpo e
cuidado, nossa curiosidade nos fez perguntar, já que grande parte do
assunto parecia voltada para o papel da mãe na maternidade, seja no caso
indígena, como exposto por algumas pessoas que estavam na mesa, perguntei
aos/às expoentes, como eles/elas viam a participação, ou qual o papel do pai
sobre o assunto. Também qual seria o papel do homem em relação a um assunto
chamado “humanização do parto”. As respostas foram: “Paternidade é uma
construção social, de fato...”; “Paternidade e cuidado. Pensar isso também
sobre o aborto... Isto é, paternidade e direitos sexuais...”; “trabalhar com
licença paternidade...” Aparentemente, o papel do pai não estava em questão.
Já no GT 11 sobre “masculinidades”,
que participei no 18º REDOR,
intitulado de Gênero, Homens e
Masculinidades, que ocorreu entre os dias 24 e 27 de novembro de 2014, na
UFRPE, os porta-vozes dessa área estavam concentrados em outros actantes. Aqui,
não apareciam nem “colonizados” nem somente “mulheres”, mas aparecia um actante
chamado “homem”, que precisava ser representado e, ao mesmo tempo, em que questionavam
se ele devia ou não participar de grupos feministas.
É importante lembrar que um dos
coordenadores do GT mencionado, é também filiado à Organização
Não-Governamental (ONG) feminista Instituto PAPAI e que havia integrantes do
Instituto também entre os/as expoentes, além de uma participante do Grupo de
Estudo sobre Masculinidades da UFPE (GEMA). Já
no V Encontro de Ciências Sociais da
UFRPE, realizado entre os dias 1 a 5 de dezembro de 2014, participamos do
GT 5, sobre Pós-colonialidade. As temáticas trabalhadas variaram. Movimentos
sociais, educação e política, esporte e racismo, identidade e comunidades
tradicionais, identidade e marginalidade, identidade local etc. Pode-se notar,
no entanto, que gênero e feminismo já não apareceram, com exceção do trabalho
intitulado: “Heterocapitalismo, políticas monstruosas e nomadismo sexual: por
uma política de emancipação dos corpos e extinção da civilização”.
Mais importante, nesse caso,
estávamos, tal como no primeiro caso (Pré-ALAS) seguindo os nossos cientistas
pós-coloniais. Nesse GT, estudantes e professores/as dos grupos de estudo nos
quais realizamos observação-participante, estavam entre participantes e
coordenadores/as. Seu trabalho estava concentrado nas associações que promoviam
uma forma ação que, até ali, ao menos, não incluía os atores das áreas acima
(feministas porta-vozes das mulheres, e feministas porta-vozes de homens).
Seguindo a ANT (LATOUR, 2000, 2012), podemos responder nossas indagações
de o início deste tópico, principalmente sobre “o que estão fazendo para que
ela (caixa-preta) para que ela se torne um fato integrante de sua realidade”,
da seguinte maneira: grupos que se formaram para estudos de gênero, como no
caso observado da 18ª REDOR, tem trabalhado com gênero e pensado na
participação de homens no feminismo (ao menos no GT observado); já no PRÉ-Alas, também no encontro observado,
homens não eram mais os elemetnos participantes do texto produzido pelas
pesquisas relatadas. Disso decorre que a associação entre masculinidades e
gênero (que apesar de não ser objeto de nossa pesquisa, chamou-nos à atenção)
não ocorre em certas formações de grupos; já em outros sim. Também percebemos
que “pós-colonialidade” participa de uma “realidade” mas não de outra, pois as
teorias não estão ainda relacionadas. O que demonstra um “corte” ou ruptura na
rede entre “estudos pós-coloniais” e “estudos de gênero”. Por isso, concluímos
que os caminhos observados poderiam, se combinados, aumentar o seu escopo de
ação em relação ao que buscam. Isto é: assim como a junção de mais cabos de
fibra-ótica e postes permitem a expansão de redes de internet, assim também
ocorreria – e eis uma hipótese – com a junção de “estudos de gênero” e “estudos
pós-coloniais”, já que o que parecem transmitir é “combate a desigualdade entre
homens e mulheres” e “combate a desigualdade entre colonialistas e
colonizados”. Seu resultado contudo, só poderá ser mensurado quando, na
prática, os interesses dos envolvidos forem “transladados/traduzidos” (LATOU,
2000) por novos agenciamentos. Até então, nossa hipótese continua apenas como o
que é: uma hipótese não testada e, por isso, caberá aos atores envolvidos
decidirem se essa associação traduz os interesses de ambos os grupos ou não. De
nossa parte, como somos cientistas do social e não da natureza, não podemos
manipular nossos actantes humanos tal qual agrônomos manipulam “defensivos
agrícolas” ou “agrotóxicos” em seus laboratórios no combate de pragas. Mas, de
nosso texto – que segundo Latour (2012) é nosso próprio laboratório –
selecionamos os “elementos” (“homens”, “mulheres”, “masculinidades”,
“docentes”, “discentes”, “tabelas”, “números”, “palestras”, “artigos” etc.) e
trazemos quais as “reações” que ocorreram quando os elementos foram e quando
não foram agrupados e, também, sugerimos a nível de hipótese, o que poderia
ocorrer caso fossem combinados – como num tubo de ensaio.
Em relação à coleta de dados
documentais, foi realizada pesquisa nas duas universidades. O que nos trouxe os
seguintes dados: de 78 monografias analisadas no departamento de ciências
sociais da UFRPE (2011 à 2013)[1], apenas 3 abordavam os
estudos de gênero e nenhuma era especificamente pós-colonial, apesar de autores
reconhecidos pelos estudiosos da área, como Boaventura de Sousa Santos e Homi
Bhabha aparecerem.Na UFPE, foram encontrados 13 trabalhos de pós-graduação no
período de 2010 a 2012, sendo 3 de doutorado e 10 de mestrado (1 antropologia e
2 de sociologia; 2 sociologia e 8 de antropologia – respectivamente aos níveis
de graduação citados) cuja temática era relações de gênero, não tendo,
novamente, nenhum sobre pós-colonialidade[2].
Por isso, apenas a participação em eventos e a observação participante é que
possibilitou o levantamento de dados sobre a relação entre as perspectivas
pós-coloniais e de gênero na adesão de novas teorias. De todo modo, foi
possível concluir que não existe adesão ou, associação, entre gênero e pós-colonialidade
no campo observado. O processo parece estar ainda começando ou, talvez, nem
mesmo se desenvolva.
5. CONCLUSÕES
Conseguimos alcançar os seguintes
objetivos com nossa pesquisa:
1)A descrição
geral de como a pós-colonialidade chegou, de onde veio e quais seus principais
autores. Além de informar quem são os grupos que estão trabalhando com essa
teoria nas universidades federais de Pernambuco (sedes), bem como observamos e,
neste relatório descrevemos, o encontro realizado na UFRPE que
reuniu docentes, discentes e pesquisadores/as das universidades federais de
Pernambuco, não só as sedes, em dezembro de 2014. Demonstrando quais temas
abordaram e, assim, como estão adicionando os estudos pós-coloniais a temáticas
que antes não o incorporavam.
2) Não conseguimos
seguir os atores dos cursos de antropologia e de sociologia que estão
incorporando pós-colonialidade a seus referencias.
3) Conseguimos
quantificar os dados sobre monografias da UFRPE de 2011 a 2014 que (não) estão
trabalhando com pós-colonialidade.
4) Quantificamos
a produção bibliográfica de teses e dissertações da pós-graduação da ciências
sociais da UFPE.
5) Não encontramos associações entre
pós-colonialidade e gênero no campo observado.
6) Conseguimos
realizar entrevistas com docentes e discentes e, assim, foi possível descrever
como eles estão utilizando e passando a frente os estudos pós-coloniais.
7) Conseguimos
identificar que Pernambuco está contribuindo para o debate internacional sobre
pós-colonialidade por meio da revista Realis, criada 2011 com apoio da UFPE.
Além de, no ano de 2014, ter realizado o Pré-Alas 2014, que reuniu
pesquisadores brasileiros e estrangeiros (como argentinos) para debater sobre o
desenvolvimento dos estudos pós-coloniais.
Com isso, concluímos indicando que, caso
seja do interesse dos envolvidos e envolvidas, promover o diálogo entre estudos
de gênero e pós-colonialidade, os docentes devem se posicionar para promover
encontros de tais áreas. Além de, como foi observado, devem se unir a
instituições de fomento, como a própria FACEPE, por exemplo, que financiou a
pesquisa que ora apresentamos. Acrescentamos que os pesquisadores de tais áreas
poderiam continuar desenvolvendo seminários, criando grupos de estudo e, quem
sabe, incorporando os estudos pós-coloniais nas grades curriculares dos cursos
– em cadeiras obrigatórias, por exemplo, como em “Sociologia Contemporânea”.
Nesse sentido, acreditamos que nosso
trabalho “mapeou” o curso que está seguindo a rede de atores que estão
envolvidos com pós-colonialidade. Fornecendo dados para futuras pesquisas que
pretendam dar continuidade a pesquisas nessa área. Por conseguinte, futuras
pesquisas dessas áreas podem investigar quaisáreas, não somente as ciências
humanas, que estão dialogando com os estudos pós-coloniais e, também, se tais
estudos podem dialogar e contribuir com projetos de extensão que vinculem a
universidade a outraspopulações não-acadêmicas.
6. DIFICULDADES ENCONTRADAS
Um dos problemas encontrados no
decorrer da pesquisa foi justamente o período de fim de ano. Com férias e
recessos, as atividades em certos grupos foram bastante espaçadas e proteladas.
Com o recesso e paralisação para o carnaval de 2014, por exemplo, entrevistas
foram canceladas.O fim de período letivo, por sua vez, foi o momento em que as
avaliações na UFRPE ocorreram. Daí que, a necessidade de estudar para tais
avaliações, a entrega de artigos etc., fez com que a pesquisa também tivesse
que passar por interrupções.
Outro problema que, de fato, pesou
muito para o desenvolvimento da pesquisa, foi a carga bibliográfica necessária
para a compreensão das temáticas estudadas. Cremos que a leitura anterior e a
participação em eventos, publicação de trabalhos etc., que já realizamos,
facilitou assuntos referentes a gênero. Por outro lado, estudar
pós-colonialidade tem sido extenuante em conjunto com as outras demandas da
pesquisa. Além de, no final, mesmo que tenha se tornado positiva os estudos
paralelos realizados pelo bolsista sobre a obra de Bruno Latour, isso ter
embargado um pouco tanto o rendimento na graduação, quanto, possivelmente no
restante da pesquisa.
7. ATIVIDADADES PARALELAS DESENVOLVIDAS PELO BOLSITAS
·
Participação na mesa-redonda
sobre Voto Crítico e Democracia Radical,
realizada pelo grupo de estudo Curupiras: Colonialidade e Outras
Epistemologias, realizado no mês de novembro de 2014, na UFPE.
·
Apresentação de comunicação oral,
no GT 5 da V Semana de Ciências Sociais da UFRPE, com o resumo expandido: Estado colonialista: sobre voto-nulo, urnas
eletrônicas, híbridos, arquivo e a descolonização do saber[3].
·
Participação no 18º REDOR, em
co-autoria com uma integrante do Instituo PAPAI, com a comunicação oral na
forma de resumo expandido: Masculinidade
e descumprimento da “lei do acompanhante”.
·
Artigo publicado nos anais do 18º
REDOR e no V Coloquio de Varones e Masculinidades realizado na Faculdade de
Ciências Sociais – FACSO do Chile,também em co-autoria com uma integrante do
Instituto PAPAI, com o titulo de Masculinidade
e o descumprimento da “lei do acompanhante” no Brasil.
·
Participação no 19ª Jornada de
Iniciação Científica: Cidades Inteligentes da FACEPE, o início de uma nova
era. Com a apresentação oral do Resultado Final de nossa pesquisa.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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sociedade e patrimonialismo. Soc. estado., Brasília , v. 15, n. 2, Dec. 2000 . Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922000000200006&script=sci_arttext.
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Acesso em: 28 mai. 2015.
[1] Devido a problemas de
organização documental na UFRPE, não foi possível acessar todo o material
pretendido da graduação em Ciências Sociais que corresponderia ao período de
2010 a 2015. Além disso, a UFRPE não conta com pós-graduação em Antropologia e
nem em Sociologia, áreas que recortamos para a análise, já que o campo ficaria
muito grande caso desejássemos coletar dados referentes a toda a pós-graduação.
Por isso, analisamos a pós-graduação nestas áreas apenas na UFPE e por meio do
banco de dados eletrônicos da CAPES. No entanto, novamente por questões de
organização documental, não foi possível analisar todo o período desejado,
posto que só se encontra disponível para consulta eletrônica, dados de 2010 a
2012. Entretanto, outros campos, como pós graduação em Comunicação, contava com
trabalhos sobre pós-colonialidade.
[2] Na metodologia, informo
que encontramos 1 trabalho sobre pós-colonialidade e 1 sobre pós-colonialismo.
No entanto, no caso acima, nosso filtro era especificamente sobre nosso
recorte, a saber, nas pós-graduações de Antropologia e de Sociologia, apenas.
[3]
Tanto na V Semana de Ciências Sociais da UFRPE quanto na Mesa-Redonda sobre
democracia realizado pelo grupo de estudos “Curupiras: colonialidades e outras
epistemologias”, experimentou-se,enquanto referencial teórico, o uso de Jacques
Derrida (2002), objeto de estudo de um dos grupos de estudo no qual se realizou
a observação participante.
[1]
Ver o site da Revista Realis: revista de estudos anti-utilitarista e de estudos
pós-coloniais. Criada no ano de 2011. Site: http://www.revista-realis.org/
[2] Esse raciocínio vai de
encontro com a idéia sugerida por Bruno Latour (2000), segundo a qual fatos,
máquinas e artefatos vão se construindo dentro de associação de atores em rede
por meio do “tradução/deslocamento” de interesses. Ou seja, um fato deve ser
investigado conforme a rede que o sustenta. Se não há extensão da rede por meio
da agregação de outros atores, o fato não existe por fora da rede. Por exemplo,
a rede telefônica não pode ligar um pernambucano a um xamã fulni-ô em Águas
Belas se lá não há rede telefônica. Tampouco posso consultar o horário
“mundial” sem ter um relógio com bateria no pulso; não poderia ajustá-lo sem
ouvir o horário na rádio local, para medir a exatidão do horário e assim
sucessivamente. O mesmo deve ser feito quando observamos a rede que utiliza o
termo gênero – e seu enunciado “relações sociais”, “papeis sociais”,
“construção cultural” etc. em oposição a “naturalização”, segundo a qual ser
homem ou mulher seria um dado natural-sexual – se tal termo não encontra adesão
na mão dos atores finais, então a rede não se estende. Ou seja, “relações de
gênero” (entre aspas) só é fato dentro de uma rede de interesses associados; na
medida em que relações de gênero saem das universidades e laboratórios
científicos, assim como um relógio fabricado dentro de uma fábrica só pode ser
utilizado se as pessoas começarem a utilizá-lo. Veja-se, por exemplo, o caso de
levar os estudos de gênero para a Educação Básica.
[3]
Sobre o conceito de “colonialidade”, ver seu inventor, Anibal Quijano (2005).
[4]
Tanto este exemplo quanto o caso da invenção do motor a diesel são exemplos
utilizados pelo próprio Latour (2001).
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